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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fritura de Jobim em fogo brando

O Ministro Nelson Jobim tentou fritar o General Felix e Paulo Lacerda, mas é ele quem vem sendo frito em fogo brando, e por sua própria culpa.

Jobim está no ministério por ter habilidade política com diversos setores hostis ao governo. Seria da cota dos "bombeiros" no ministério, aqueles que apagam incêndios.

Tem bom trânsito com o Congresso, tem diálogo com a oposição, com o Judiciário, e mostrou-se capaz de estabelecer diálogo com os militares durante algum tempo.

Parece ter sido picado pela mosca azul, e tentou puxar o tapete de outros ministros dentro do palácio.

Fez uma aposta alta contra o GSI e Paulo Lacerda, contribuindo para o afastamento da cúpula da ABIN, ao colocá-los sob suspeição de tentar adquirir equipamentos para grampos. Mesmo que Paulo Lacerda e o General Félix não fossem o alvo direto das acusações, ficaram com o ônus de não deterem controle sobre seus subordinados.

Lula afastou temporariamente para esvaziar especulações, investigar com transparência, e esvaziar o discurso golpista preparado pela oposição.

Deu certo parcialmente. Quem atrapalhou foi justamente Jobim, que sentiu-se fortalecido e jogou lenha na fogueira batendo boca pela imprensa. Coisa que irritou profundamente o presidente: Jobim está no ministério para ser bombeiro e não incendiário.

A partir daí nota-se seu enfraquecimento.

O General Félix permanece no cargo, e vem desmentindo dia a dia as acusações contra a ABIN.

Falando em descontrole, Jobim virou vidraça. O mesmo argumento que usou para afastar Lacerda volta-se contra ele. Militares também contribuíram com a Satiagraha (legalmente pelo que foi noticiado, prestando informações sobre registros e deslocamentos de embarcações, aeronaves do Grupo Opportunity), mas o ministro da Defesa desconhecia. Jobim também mostra descontrole sobre grampos dos serviços de inteligência militares.

Na semana em que o incendiário Jobim ateou fogo, ele adiou depoimento à CPI dos grampos para acompanhar o presidente Lula à Amazônia. Jobim não fez parte da comitiva. No noticiário saiu que teve uma "crise alérgica" que o impediu de viajar, o que pareceu mais uma desculpa.


Logo em seguida, haveria anúncio do plano de defesa nacional, um prato cheio para promoção e prestígio do ministro da Defesa. O presidente Lula adiou.

Tudo indica que o Presidente mandou Jobim se virar e apagar a fogueira que o próprio ministro acendeu com suas trapalhadas.

O ministro da Defesa tentou fazer isso na CPI na quarta-feira, com habilidade jurídica, mas errando a mão na habilidade política. Não quis se desmentir, mas deu um jeito de não confirmar o que disse. Mais: chegou a sujerir criminalização de reportagens que publiquem vazamentos criminosos. Aparentemente querendo fazer acenos a favor do governo contra as leviandades da Veja. Só que faz isso tarde demais.

Parte da oposição, apesar de tratar com reverência Jobim, já começa a vê-lo com troféu. Se não tem outro ministro melhor para derrubar, serve Jobim mesmo.

Outra parte da oposição (envolvida na privataria com Dantas) está em dúvida. Vêem em Jobim um aliado dentro governo. Por outro lado, se Jobim se mostra vencido dentro do governo, não tem serventia, e a cabeça dele serve como troféu.

O presidente Lula sabe que o PIC/PIG não deixa vácuo em crises. Se esvaziam uma, já fabricam outra.

A crise em curso já teve seu ápice com o afastamento da cúpula da ABIN. Agora é vez do governo ir dando o troco, à medida que as investigações responsáveis vão surgindo, como o laudo da PF que prova que as maletas da ABIN não fazem gravações.

Politicamente, o presidente Lula manobra para manter o PIG e a oposição entretida por mais tempo com Gilmar e Jobim, até esgotar o prazo de validade deles, enquanto governa em paz, correndo por fora das crises.

Sequer os planos de reequipar as Forças Armadas ficam comprometidos com as trapalhadas de Jobim. Os comandos militares continuam com os estudos técnicos, que são os que importam, qualquer que seja o ministro da Defesa.

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