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sábado, 27 de setembro de 2008

Ministério Público investiga jantar de advogados de Daniel Dantas com assessores do presidente do STF




Confusão Suprema

Ofício de procuradora a restaurante de Brasília mostra que o Ministério Público investiga jantar de advogados de Daniel Dantas com assessores do presidente do STF

A VERSÃO E O FATO A procuradora Lívia Tinôco disse não ter autoridade para investigar Gilmar Mende s (à esq.), mas ofício ao lado prova que ela e stá atrás da história

Na tarde da terça-feira 23, durante aproximadamente uma hora, a procuradora Lívia Nascimento Tinôco conversou com repórteres de ISTOÉ na sala da assessoria de imprensa da Procuradoria da República no Distrito Federal. Ela faz parte de um grupo de três procuradores que atua no Controle Externo da Atividade Policial no DF e investiga o caso da interceptação telefônica ilegal que gravou uma conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Durante a conversa, a procuradora relatou que o delegado Protógenes Queiroz, responsável pela Operação Satiagraha, após um depoimento formal, lhe mostrou uma série de fotos que seriam de um jantar reunindo assessores do ministro Gilmar Mendes e um dos advogados do banqueiro Daniel Dantas, o principal investigado pela Satiagraha. Segundo a procuradora, Protógenes disse que as fotos foram feitas com a câmara de um telefone celular. O delegado teria afirmado ainda que aquelas fotografias não foram incluídas no inquérito porque não identificara todos os presentes ao jantar, entre eles uma mulher loira aparentando ter cerca de 25 anos. Quando perguntada sobre o paradeiro das fotos, a procuradora Lívia foi enfática: "Não fiquei com as fotos porque não é de minha competência investigar esta reunião", afirmou. "Gilmar Mendes é competência do procurador-geral." Na verdade, porém, a procuradora Lívia está sim empenhada em descobrir quem participou do encontro e o que foi tratado durante o jantar com ovas de peixe voador e filhotes de enguias.

Na quinta-feira 25, ISTOÉ teve acesso à cópia do ofício número 33/2008 - MPF/PRDF/LT (leia facsímile na pág.36) da Procuradoria da República no Distrito Federal, assinado pela procuradora Lívia na terça-feira 16 de setembro - portanto, uma semana antes de ela ter negado à ISTOÉ que estivesse investigando assessores de Gilmar Mendes. O documento é dirigido ao gerente do restaurante Original Shundi, uma sofisticada casa de gastronomia japonesa na quadra comercial 408 Sul, em Brasília, inaugurada há cerca de quatro meses. No ofício, em apenas seis linhas, a procuradora faz dois pedidos. No primeiro, solicita que seja apresentado o nome completo, o CPF e o endereço atualizado do gerente que trabalhou ali até o início de agosto deste ano. No segundo, requisita o vídeo do circuito interno de tevê do dia 11 de junho de 2008, desde as 18h30 até o fechamento do restaurante. Na semana passada, o disco rígido do computador que administra o sistema de segurança do restaurante foi remetido à procuradora.



O ofício assinado por Lívia é a prova de que existe no Ministério Público Federal uma investigação sobre o encontro que teria ocorrido entre assessores do ministro Gilmar Mendes e advogados do banqueiro Daniel Dantas. Segundo informação da assessoria da presidência do STF, não partiu de lá nenhuma determinação para que tal apuração fosse feita. Trata-se, então, de uma investigação sorrateira, uma vez que a própria procuradora admitiu não ter competência para atuar em uma apuração que envolve o gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal.

A direção do restaurante Original Shundi encaminhou ao Ministério Público o disco rígido do computador que controla o sistema de segurança da casa, com as imagens da noite de 11 de junho

Em 11 de junho, data do jantar agora investigado pela procuradora Lívia, os advogados de Daniel Dantas já tinham conhecimento sobre o andamento da Operação Satiagraha e na sede do Grupo Opportunity corria a informação de que a prisão temporária do banqueiro e de seus sócios poderia ser pedida a qualquer momento pelo delegado Protógenes ao juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo. Com o objetivo de procurar evitá-la, naquele dia os advogados de Dantas entraram com um pedido de habeas-corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal. Até 8 de julho, quando Dantas foi preso, o recurso não havia sido julgado. À noite teria ocorrido o encontro entre os assessores do ministro Gilmar Mendes e os advogados de Dantas. O presidente do STF nega que tal encontro tenha ocorrido. Nesse caso, então, as gravações digitais feitas pelo sistema de segurança do restaurante poderão lher dar razão. Segundo informações da direção do restaurante Original Shindu, o disco rígido encaminhado à procuradora Lívia não foi manipulado nem copiado, o que, asseguram, poderá ser comprovado por qualquer perícia. Leia a página dois na IstoÉ .

Ofício de procuradora a restaurante de Brasília mostra que o Ministério Público investiga jantar de advogados de Daniel Dantas com assessores do presidente do STF


Só para lembrar os leitores:

Foi esse blog quem publicou em primeira mão que, a conversa "grampeada" entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres (DEM) não passa de armação. Depois, que foi publicado, aqui, jornais, passaram a levantar essa hipótese. E, tem mais; Falta pouco para que seja provado que realmente foi armação. É esperar para ver ...

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