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terça-feira, 12 de agosto de 2008

Montadoras investem no Brasil

Presidente Lula recebe em audiência o presidente da Mercedes-Benz na América do Sul, Gero Hermann, no Palácio do Planalto


A indústria brasileira de caminhões e ônibus tem previstos novos investimentos de R$ 4,4 bilhões para aumento de capacidade produtiva, modernização de sistemas e novos produtos. Com o aporte, o setor ampliará sua capacidade produtiva em quase 80%, atingindo números superiores a 300 mil veículos por ano. Esse volume colocará o País entre os maiores fabricantes mundiais, atrás de países como China e Índia. Hoje, o Brasil é o sexto do ranking em caminhões e o terceiro em ônibus.

O mais recente plano de investimento foi anunciado ontem pela Mercedes-Benz, que vai aplicar R$ 1,5 bilhão no ABC paulista nos próximos três anos. É o maior programa trienal já anunciado pela montadora, que ampliará a capacidade produtiva da fábrica de São Bernardo do Campo em 25% (para algo perto de 75 mil unidades ao ano) a partir de 2009.

A companhia também abrirá uma unidade de logística e montagem de CKD (veículos desmontados para exportação) em Diadema. A medida vai liberar espaço para a ampliação da linha de montagem em São Bernardo, que opera próximo do limite máximo da capacidade produtiva. A empresa aguarda acertos no contrato de locação de uma ampla área na rodovia dos Imigrantes.

A Volkswagen planeja investimentos de R$ 2 bilhões nos próximos dez anos para a fábrica de Resende (RJ), que ampliará sua capacidade de 47 mil para 150 mil caminhões e ônibus por ano. A Iveco, do grupo Fiat, aprovou verba de R$ 570 milhões entre 2008 e 2010 para a fábrica de Sete Lagoas (MG), enquanto a Ford gastará R$ 336 milhões até 2011 na filial de São Bernardo.

A Volvo encerra este ano um programa de US$ 110 milhões gastos a partir de 2006 e apresentará novo plano nos próximos meses. Hoje, a montadora anunciará a criação de um segundo turno de trabalho na linha de caminhões da fábrica em Curitiba (PR), de acordo com fontes do mercado. A Scania não informou números.

No ano passado, as oito montadoras brasileiras de veículos pesados, incluindo Agrale e International, produziram 137 mil caminhões e 39 mil ônibus, volumes recordes que serão superados este ano, segundo projeções do setor. Só a produção de caminhões passará de 150 mil unidades. Hoje, as fábricas têm capacidade para algo próximo a 190 mil veículos anualmente e irão a cerca de 340 mil quando todos os programas de ampliação estiverem concluídos.

No Brasil, cerca de 60% das cargas são transportadas por rodovias. O crescimento econômico tem levado setores como agricultura, mineração e construção civil a demandarem mais caminhões para transporte. Para determinados segmentos, como o de veículos de grande porte, as filas de espera para compra chegam a nove meses.

Em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, e mais tarde com o governador José Serra, em São Paulo, o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Gero Herrmann, afirmou que decisão de ampliar a capacidade de produção da fábrica de São Bernardo é resultado de uma grande expectativa de aumento do mercado automotivo no Brasil.

“Exportamos mais ou menos 50% da produção de ônibus e 30% da produção de caminhões, mas nossa grande expectativa no Brasil é com o aumento do mercado interno”, disse. Segundo Hermann, a unidade de São Bernardo passará a produzir entre 310 e 350 unidades de ônibus e caminhões ao dia.

Este ano, até julho, foram licenciados 69,3 mil caminhões, um aumento de 30,5% em comparação a igual período de 2007. A Mercedes tem 31% do mercado.

Segundo o executivo, a fábrica já contratou 1,5 mil pessoas nos últimos 18 meses, mas novas vagas serão abertas. “O número de contratações está em fase de planejamento”. A empresa tem 12 mil funcionários.

Investimentos

R$ 1,5 bilhão é o investimento da Mercedes-Benz para os próximos 3 anos

R$ 2 bilhões é quanto a Volkswagen aplicará entre 2008 e 2018

R$ 570 milhões são os aportes da Iveco até 2009

R$ 336 milhões serão gastos pela Ford até 2011

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