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quinta-feira, 17 de julho de 2008

A pedido de Lula, PF divulga trechos de reunião com delegado


A Polícia Federal divulgou nesta quinta-feira, 17, trechos do áudio da reunião( Veja aqui) que decidiu a saída do delegado Protógenes Queiroz do comando da Operação Satiagraha. A operação resultou na prisão do banqueiro do Opportunity, Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, do megainvestidor Naji Nahas, e mais 19 pessoas. Apenas dois dos investigados ainda estão presos. O restante foi beneficiado por um habeas-corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. A divulgação dos diálogos foi feita a pedido do Presidente Lula em reunião com o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o diretor-interino da Polícia Federal, Romero Menezes.

Segundo fontes da Presidência da República, Lula insistiu, na reunião, que tanto o Ministério da Justiça quanto a PF têm de deixar claro que o afastamento dos delegados não foi uma intervenção do governo. Na última quarta, em entrevista coletiva, Lula chegou a pedir o retorno do delegado Protógenes Queiroz ao comando das investigações, e disse que ele deveria explicar publicamente a sua saída.

O apelo do presidente, no entanto, não foi suficiente para trazer o delegado ao comando do inquérito da Satiagraha. Em nota divulgada no início da noite da última quarta, pouco depois da entrevista de Lula, a Polícia Federal reafirmou que tanto Protógenes como sua auxiliar, delegada Karina Marakemi Souza, tiveram seus pedidos de afastamento aceitos. Para os seus lugares, foram designados os delegados Ricardo Saadi, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Financeiros (Delefin) da Superintendência da PF em São Paulo, e Erika Mialik Marena. Mas para não incorrer em insubordinação, a PF, após um dia de intensas discussões internas, encontrou uma fórmula intermediária.

A saída para a confusão, com a qual Protógenes concordou, é que ele continuaria no caso até sexta-feira e produziria um relatório que encerrasse sua participação. A partir de segunda-feira, porém, ele se desliga do inquérito "espontaneamente" para fazer o curso superior de polícia no qual está matriculado desde março e não volta a atuar no caso. Em meio à crise no comando da operação, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, tirou férias e viajou para longe do problema.

Ainda na entrevista de quarta, Lula insistiu na afirmação de que Protógenes havia tomado a iniciativa de deixar a função e não mencionou a versão de que o policial havia saído em razão de pressões de Tarso e autoridades da própria PF. Lula classificou de "insinuações" e "mentiras" versões de que o afastamento de Protógenes, anunciado na terça-feira, teve razões políticas. "Já falei com o ministro Tarso Genro para conversar com a Polícia Federal porque esse delegado tem que ficar no caso", disse o presidente. "Moralmente, esse cidadão tem de ficar no caso até terminar esse relatório e entregar ao Ministério Público, a não ser que ele não queira", afirmou.

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