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domingo, 8 de junho de 2008

Revista Veja: jornalismo apedeuta a serviço da corrupção tucana

Empenhada em levantar a bola para a oposição fazer a CPI do CHARUTO e abafar a CPI da ALSTOM, a revista faz uma matéria com insinuações que zombam do leitor.

Egressa da ditadura, a linha editorial da revista recorre a técnicas que os antigos arapongas do SNI usava.

É a técnica da meia-mentira: pega fatos incontestáveis e em seguida engata em na invenção que deseja, com desfecho para atender aos objetivos da mensagem que eles querem passar: desgastar o governo Lula.

O leitor desavisado começa a ler fatos reais de amplo conhecimento público (o que começa a dar credibilidade na matéria). Ao longo do texto começam as ilações, os testes de hipóteses, os jogos de palavras, direcionando o texto para um desfecho escandaloso, mesmo diante de fatos corriqueiros.

A matéria que a revista fez da Varig nesta semana foi assim, só que exagerou tanto na ficção que ficou absurda.

A revista enche de insinuações a partir de fotos públicas, dentro da agenda pública do Presidente Lula, que recebeu no Palácio do Planalto os compradores da Varig APÓS a venda em audiência, para celebrar a reativação da empresa. É coisa comum presidentes atender empresários interessados em investir no Brasil e gerar empregos.

A revista aposta que seus leitores são apedeutas, porque quem acredita que um presidente da República receberia uma comitiva e ainda tiraria fotos, para comemorar publicamente uma operação que salvou a Varig de fechar, se ele tivesse uma participação ilítica?

Políticos que fazem coisas ilícitas, as fazem por baixo dos panos. Jamais à luz do dia, com divulgação pública, como fez Lula.

Alguém tem a foto do Cacciola com FHC no dia seguinte em que o Banco Cental vendeu dólares abaixo do preço à ele, "comemorando" o sucesso da operação?

É claro que não. FHC tem muitas "habilidades" para malfeitos, mas bobo ele não era.

A Veja aproveita-se do fato verdadeiro de Roberto Teixeira (amigo de Lula há mais de 30 anos) ter sido o advogado dos compradores para fazer todo o tipo de piadinha.

E por isso mesmo que as suspeitas da Veja tornam-se mais absurdas ainda. Roberto Teixeira já foi usado para atacar Lula desde muitas eleições passadas. Houvesse alguma atitude de governo ilícita, ele próprio agiria nos bastidores, não iria se expor em público. Até por esperteza para não estragar o negócio, se fosse ilícito.

Os sócios da Varig podem não ser flor que se cheire (e parece que não são), mas na época não se tinha notícia de que pesasse algo contra eles, e além disso, foram os últimos e únicos interessados em comprar a empresa em leilão público comandado pelo judiciário e não pelo governo. Leilão aberto a qualquer comprador, sem preterir ninguém.

A revista ainda zomba do leitor em diversos tópicos:

1) A Varig foi comprada por US$ 24 milhões e vendida por US$ 320 para a Gol. Só que a Gol não participou do leilão porque não quis.

Parte da imprensa diz que essa grande diferença de preço é um escândalo em si, mas a Veja acha o contrário: diz que teria que ser vendida pelo dobro deste preço para TAM (Ver nota acima). Quem consegue entender a Veja?

Isso é assunto privado das empresas e não de governo, e se houve algo combinado foi entre as empresas. Mas a lógica diz que nenhum outro quis comprar no leilão porque tinham medo de ver contestadas dívidas fiscais e trabalhistas. A Lei de recuperação de empresas (substituiu a antiga lei das falências) é nova, e, provavelmente, nenhum negócio desse porte havia sido feito antes sob esta nova lei. Não havia jurisprudência formada.

A Varig era um "mico" no jargão dos negócios. O Fundo Matlin Patterson correu o risco e comprou junto com os sócios brasileiros (a quem emprestou o dinheiro necessário a capitalizá-los).

Depois que os outros viram que não houve recurso nem contestação judicial da venda, o direito às linhas internacionais da Varig tornaram-se valiosas. Daí outras empresas como a Gol e a TAM terem se interessado, dispondo-se a pagar muito mais.

2) Mostra encontros dos compradores da Varig com o Ministro do Trabalho (Luiz Marinho, na época) para preservar os empregos, com o Ministro da Defesa (Valdir Pires, na época), responsável pela infraestrutura aérea (a regulamentação é de responsabilidade da ANAC).

Ou seja, os fatos mostram que o governo cercou de cuidados no limite do possível, preocupou-se em preservar empregos e com adequação ao Comando da Aeronáutica, mas a revista chama o leitor de bobo, ao insinuar que era lobby.

Tenha a paciência. Se fosse Lobby não teria que ficar conversando e dando explicações a tantos ministérios.

3) Diz que o valor que o escritório do advogado Roberto Teixeira recebeu de honorário é absurdo, mas representa 20% do valor da compra. É comum escritórios de advocacia cobrar esse percentual para causas de risco que sejam bem sucedidas.

A revista diz que o advogado atuou tanto na compra como na venda (não explica detalhes). Se esse valor que a revista diz ter recebido o escritório, for considerado sobre o valor de venda (US$ 320 milhões) não chega a 2%, coisa completamente abaixo dos padrões de mercado.

4) A revista confunde preocupação política legítima, de quem quer encontrar uma solução para Varig e para salvar os empregos, com "lobby".

É claro que em reuniões da ANAC (que não é subordinada ao governo, que tem mandato independente e só deve obediência às leis e ao interesse público), seja com a Casa Civil, seja com o Ministro da Defesa, pode e deve haver diferenças de opiniões, e cada um quer fazer valer seu ponto de vista, e é legítimo se for em prol do interesse público.

Isso não "pressão" da "opressora" Dilma sobre a "oprimida" Denise Abreu. Se a senhora do charuto discordou ou não foi convencida de uma decisão, tinha a obrigação de discordar e dar seu voto contra (coisa que ela não fez, pois votou a favor).

Ainda há mais alguma bobagens na matéria da Veja.

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