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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Indústria em ritmo intenso

A indústria entrou no último mês do segundo trimestre com um forte ritmo de produção puxada pelo setor automotivo, construção civil e bens de consumo semiduráveis. Muitas empresas e setores estimam encerrar este trimestre com crescimento em relação ao desempenho dos três primeiros meses de 2008, o que seria um sinal de aceleração do ritmo de crescimento. No setor de aços planos, a atividade continua a pleno vapor. O presidente da distribuidora Rio Negro, Carlos Loureiro, disse ao jornal Valor Econômico que acredita que maio deve registrar recorde mensal na distribuição do produto: 345 mil a 350 mil toneladas, aumento de até 15% em relação a igual mês de 2007. Para Loureiro, parte deste ritmo se deve a compras para aproveitar os preços da tabela antiga. Depois do aumento de março, as usinas fizeram novo reajuste em maio. Ele acredita que o segundo trimestre pode fechar 1,5% a 2% acima do primeiro. "No setor de siderurgia, eu não consigo vislumbrar um desaquecimento até o fim do terceiro trimestre. Até lá, está tudo comprado", disse ele.

Beneficiadas pelo forte movimento do transporte de produtos agrícolas, alimentos e manufaturados, as indústrias de implementos rodoviários (reboques e semi-reboques) entram no último mês do primeiro semestre sem sentir arrefecimento na demanda. Segundo a Anfir, a associação dos fabricantes do setor, os pedidos chegam, em média, a 90 dias de produção, ante 60 dias há um ano.

O presidente da entidade, Rafael Wolf Campos, informa que as estimativas de desempenho do setor para 2008 acabaram de ser revisadas para uma expansão de 20% sobre 2007. Até então, a previsão era de um crescimento de 10% a 15% e se o mercado mantiver o ritmo atual uma nova revisão para cima será feita no início do segundo semestre, adiantou o executivo.

Conforme Campos, as vendas de janeiro a abril totalizaram 17,7 mil reboques e semi-reboques, 44% a mais do que no mesmo intervalo do ano passado, ritmo superior aos 37% do primeiro trimestre. No segundo semestre, a base de comparação será mais forte devido ao crescimento dos negócios no mesmo período de 2007, explicou.

"Nossa percepção indica que o setor segue seu curso de crescimento", disse o diretor corporativo e de relações com investidores do grupo Randon, Astor Schmitt. A demanda doméstica aquecida e a valorização cambial em países importantes para a empresa vêm permitindo ainda "algum avanço no nível médio dos preços" para compensar a alta em componentes e matérias-primas. Em abril, a receita líquida consolidada do grupo, cresceu 32,3% sobre o mesmo mês do ano passado. A taxa de expansão mensal superou a acumulada no quadrimestre, que chegou a 28,2% (para R$ 959,2 milhões).

A fabricante de semi-reboques frigoríficos e tanques para transporte de produtos líquidos Recrusul está aproveitando o mercado aquecido para acelerar a retomada da produção depois de 18 meses parada por falta de capital de giro, até julho de 2007. Vendida para um grupo de investidores gaúchos em abril deste ano, a empresa, em fase de recuperação judicial, recebeu uma injeção de novos recursos e em maio já aumentou em 50% a produção em comparação com o mês anterior, informou o diretor presidente Ricardo Mottin Júnior.

O setor automotivo segue em ritmo acelerado e não dá sinais de desaceleração neste trimestre, afirma Jackson Schneider, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em abril, a produção de veículos aumentou 34,4% em relação ao mesmo mês de 2007. No acumulado do ano, o crescimento é de 23,5%, totalizando 1,087 milhão de unidades. "Os números apresentados até o fechamento de abril têm mostrado que o setor tem mantido a tendência de aceleração, sobretudo no mercado interno", afirma Schneider. Ele diz ainda que o aumento do custo das matérias-primas tem pressionado as indústrias e não descarta a possibilidade de repasse de preços aos consumidores daqui para frente, mas pondera que essa é uma decisão que cabe à cada empresa.

A indústria de tintas e vernizes está otimista para esse ano diante da procura dos setores de construção civil e automotivo. "O mercado que demanda nossos produtos está bem aquecido", diz Roberto Ferraioulo, presidente do Sindicato da Indústria de Tintas e Vernizes do Estado de São Paulo. A produção do setor cresceu 8% no primeiro trimestre de 2008 em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo Ferraioulo, o mês de abril foi um pouco mais fraco, mas maio já mostra recuperação. "Normalmente, abril é um mês em que as vendas caem um pouco por conta das chuvas, e isso impacta os resultados do segundo trimestre, mas de qualquer forma, a produção continua mais forte se comparada ao ano passado", diz.

O sindicato ainda não possui os dados de maio fechados, mas o executivo afirma que as encomendas estão mais fortes, o que indica que além da expectativa da produção ter se recuperado em relação a abril, ela deve se manter aquecida. "Todos os fatores macroeconômicos estão favoráveis ao nosso setor, a única coisa que nos preocupa agora é a escalada de preços das matérias-primas, já que utilizamos muitos derivados de petróleo", diz.

A indústria de eletroeletrônicos de Manaus viu sua produção estacionar em abril em relação a março por conta da greve dos fiscais da receita, que atrapalhou a entrega dos componentes importados. Por conta dessa situação, o Dia das Mães foi mais fraco, e a produção de maio deve ter desacelerado, segundo Wilson Périco, presidente do Sindicato da Indústria Elétrica e Eletrônica de Manaus (Sinaees). Mesmo assim, ele acreditam que ainda pode haver crescimento da produção nesse segundo trimestre, mesmo que pequena. No primeiro trimestre, a alta foi de 27% em relação a 2007.

A Eternit, fabricante de telhas e caixas d"água, está desde o quarto trimestre de 2007 sem elevar a produção, pois opera no limite da capacidade. Uma nova linha entrou em operação agora em maio, e elevará em cerca de 8% a 10% a capacidade da empresa. "A nossa preocupação é formar estoque para segurar o aumento de demanda no segundo semestre", diz o presidente da empresa Elio Martins.

A preocupação, porém, é de que o aquecimento da construção hoje já absorva todo o aumento da produção e não permita formar estoque. No primeiro trimestre, a produção cresceu 12% na comparação com igual período do ano passado, e a estimativa é de que o segundo trimestre siga esse ritmo.

O mercado de cimento está superaquecido, informou Carlos Eduardo Garrocho de Almeida, diretor comercial da Holcim do Brasil, subsidiária suiça do grupo Holcim. Em abril e maio, as vendas da empresa cresceram respectivamente 16% em relação ao ano passado. "Batemos um recorde histórico", comemorou Almeida.

Segundo a empresa, foram vendidas 334 mil toneladas de cimento em abril ante 288 mil toneladas no mesmo período de 2007. Em maio, Garrocho espera ter vendido 370 mil toneladas, ante 318 mil no passado. Até abril, a produção e a venda de cimento da empresa acumularam crescimento de 5%. Para o período abril/junho, Almeida projeta um crescimento entre 10% a 12%. "Neste segundo trimestre estou sentindo aumento de aquecimento da atividade e vamos fechar de forma muito positiva".

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