Para abafar eventuais protestos de tucanos kassabistas, os apoiadores de Geraldo Alckmin levarão à convenção do PSDB, hoje, a bateria da Vai-Vai. Esperam ainda o padre Marcelo Rossi.
Mas nem o padre dá jeito nos escândalos que tomaram conta do PSDB
Veja essa da Folha para assinante:Sete meses depois de realizar um congresso destinado a revitalizar o partido para a sucessão presidencial de 2010, o PSDB completará 20 anos na próxima quarta às voltas com três escândalos de corrupção em administrações pelo país e com uma guerra declarada em sua principal base eleitoral, São Paulo -que poderá ganhar contornos ainda mais explosivos hoje, seja qual for o resultado da convenção na capital.
É diante desse cenário, que só fez se agravar desde o congresso de 23 de novembro, que o partido reunirá todos os caciques que se alfinetam nos bastidores, na quarta-feira, em uma sessão solene do Congresso. Se naquela época o dilema tucano resumia-se à disputa antecipada entre os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) pela candidatura à Presidência, hoje se alastra em crises regionais.
A maior delas está localizada justamente na maior cidade do país, onde Geraldo Alckmin, que há dois anos era o candidato da sigla ao Palácio do Planalto, não conseguiu construir um consenso para concorrer à prefeitura. A ala majoritária dos vereadores tucanos preferiu indicar o vice de Gilberto Kassab (DEM), herdeiro do cargo deixado por Serra. A disputa entre kassabistas e alckmistas deixou os bastidores e ganhou contornos de guerra campal, com xingamentos, recursos judiciais e até ameaças de cadeiradas.
Pelo país, o partido tem pelo menos três escândalos em investigação:
1) a crise do Detran gaúcho, que derrubou o núcleo do governo Yeda Crusius;
2) o caso da multinacional Alstom, suspeita de ter pago propina a tucanos em São Paulo em troca de contratos no Estado;
3) os desdobramentos da Operação Santa Tereza da Polícia Federal, que apontou o prefeito tucano de Praia Grande, Alberto Mourão, como um dos beneficiários de desvios do BNDES.
A essa lista recente, somam-se processos contra os governadores Cássio Cunha Lima (PB), que enfrenta ação na Justiça Eleitoral por uso da máquina na reeleição, e Teotonio Vilela Filho (AL), denunciado pelo Ministério Público por envolvimento no esquema desbaratado pela Operação Navalha da PF, que apontou fraudes em licitações. Ele nega participação.
Além dos problemas no campo ético -terreno em que Alckmin criticou Lula em 2006-, o PSDB enfrenta a falta de quadros políticos expressivos e de projeto de poder próprio nos principais Estados. O partido só disputará as eleições como favorito em três capitais: Curitiba (PR), Cuiabá (MT) e Teresina (PI). Em São Paulo, Alckmin disputa a liderança nas pesquisas com Marta Suplicy (PT), mas é questionado internamente. Em Salvador, tem um candidato competitivo, Antonio Imbassahy, mas que enfrenta a falta de aliados de peso e de estrutura de campanha.
O PSDB não terá candidatos em Belo Horizonte, a despeito da alta popularidade de Aécio Neves, reeleito no primeiro turno com 77% dos votos, nem no Rio de Janeiro, onde é raquítico eleitoralmente. Também não haverá tucanos na cabeça de chapa em Recife (PE), terra do presidente nacional da sigla, Sérgio Guerra, nem em Fortaleza (CE), base de outro cacique, o senador Tasso Jereissati.
"Crises naturais"
A despeito de todas as dificuldades concretas, Guerra tenta minimizar o inferno astral tucano. "São crises naturais da vida de qualquer partido, que serão debeladas. O PSDB tem bons governadores e construiu parte da história do país."
Mais realista é o líder do partido na Câmara, José Aníbal (SP), um dos mais ferrenhos partidários de Alckmin na cizânia paulistana. "Estamos exacerbados em atitudes pessoais. Faltam idéias ao partido, que começa a reduzir sua capacidade de intervir nas questões nacionais. É uma crise séria, que precisa ser bem trabalhada."
Ao analisar o cenário, os tucanos são unânimes em apontar a disputa antecipada entre Serra e Aécio como causa tanto da guerra em São Paulo quanto da falta de um candidato competitivo em BH, segundo maior colégio eleitoral do país. "Espero que o partido saiba chegar à concórdia em São Paulo. Um erro grave que eu cometa no Amazonas não afeta o PSDB, mas não dá para dizer o mesmo de São Paulo", alerta o líder no Senado, Arthur Virgílio."
"Temos que nos depurar, pensar para a frente, não ter vergonha do nosso legado e, principalmente, não ficar reféns da disputa paulistana", diz o deputado Gustavo Fruet (PR), um dos símbolos da nova geração da legenda.Os tucanos temem que, se sair muito machucado da disputa interna, Alckmin deixe o partido. Ou, se for eleito apesar do boicote de setores do PSDB no Estado, pode se engajar prematuramente na campanha de Aécio, antecipando 2010.
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