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terça-feira, 24 de junho de 2008

Brasileiros menos desiguais. Desigualdade caiu 7% e renda de pobres subiu 5 vezes mais que de ricos


Renda dos pobres cresce mais que a dos ricos

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que vem caindo a desigualdade entre as pessoas ocupadas nas seis maiores regiões metropolitanas do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador. Segundo a pesquisa, o Índice de Gini caiu 7% entre o último trimestre de 2002 (0,540) e o primeiro trimestre de 2008 (0,502). Além disso, a recuperação da renda dos mais pobres é quase cinco vezes maior que a dos mais ricos na comparação entre 2003 e 2007. A política de aumento do salário mínimo é apontada como a principal responsável por essas variações. Os programas de transferência de renda também têm peso.

Segundo o levantamento, o Brasil chegaria em dezembro de 2010 com Índice de Gini de 0,490, o menor desde 1960, quando foi registrado 0,50. Mas o país ainda está estacionado na participação da renda do trabalho no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2005, foi verificado que ela era equivalente a 39,1% do PIB. Nos países desenvolvidos, a renda do trabalho é igual a dois terços do produto. "A massa salarial não vem crescendo na mesma velocidade de outras rendas, como as dos juros, dos lucros ou da terra. A distribuição pessoal da renda melhorou, mas a distribuição funcional está estabilizada", disse Marcio Pochmann, presidente do Ipea.

"No Brasil, a desigualdade só aumentava. Agora, o sinal é contrário. O país não conhecia esse cenário." Pochmann também alerta que países com Índice de Gini acima de 0,45 têm distribuição de renda "selvagem" ou "primitiva".

O último Índice de Gini efetivamente medido é o do primeiro trimestre de 2007: 0,509. O Ipea usa uma projeção para definir em 0,502 o índice do primeiro trimestre deste ano. Pochmann esclarece que sua estimativa tem com base a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. Ele também admite que o estudo das seis regiões metropolitanas é imperfeito, mas garante que o universo integrado por elas é relevante, porque são responsáveis por 37,1% do PIB e 25,4% da população residente.

O trabalho ainda mostra que, nas seis regiões metropolitanas, os 10% ocupados com menor renda tiveram ganho de 22% entre 2003 e 2007. No extremo oposto, os 10% que mais ganham, tiveram aumento de 4,9% nesse período. Portanto, o ganho desse décimo mais pobre foi 4,48 vezes maior que o aumento do décimo mais rico da população ocupada.

Para acelerar a queda da desigualdade, Pochmann defende as políticas de transferência de renda e aumento do salário mínimo, mas ressalta que o país também precisa de um sistema tributário mais progressivo e mais justo, o que significa os mais ricos pagarem mais impostos. "A proposta de reforma levada ao Congresso é um avanço, mas é tímida em relação à justiça tributária. Os impostos indiretos oneram os mais pobres", critica. Pochmann ainda afirma que a inflação e o combate à inflação podem ter impacto negativo na distribuição de renda.

Em dezembro de 2002, o salário mínimo era de R$ 200 e saltou para R$ 380 em janeiro de 2008. Atualmente, é de R$ 415. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, o programa Bolsa Família tem previsão de repassar R$ 10,36 bilhões neste ano, beneficiando 45,8 milhões de pessoas ou 11 milhões de famílias.

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