O Presidente Lula desembarca em Buenos Aires no próximo dia 22 de fevereiro para seu segundo encontro oficial com a presidenta Cristina Fernández de Kirchner. A visita oficial, confirmada por fontes do governo brasileiro, está em fase de definição da agenda, mas a cooperação energética já tem espaço garantido na conversa entre os dois presidentes.
E dentro do tema energético, dois pontos devem ser discutidos por Lula e Cristina: a construção da usina hidrelétrica de Garabi e o pedido do presidente da Bolívia, Evo Morales, de uma reunião de cúpula tripartite para discutir a distribuição do gás boliviano entre seus principais clientes (Brasil e Argentina). Os chefes de Estado também deverão repassar a agenda bilateral e do Mercosul, que agora está sob o comando da presidência pró-tempore da Argentina.
A usina de Garabi é um assunto de grande interesse dos empresários, tanto argentinos quanto brasileiros. Antigo projeto (idealizado em 1972) retomado há dois anos, a hidrelétrica será construída na Bacia do Rio Uruguai, na área de fronteira entre Rio Grande do Sul e as Províncias de Corrientes e Misiones. Terá capacidade instalada para 1,8 mil megawatts (MW) a um custo estimado de US$ 2 bilhões. Um dos maiores interessados na construção da hidrelétrica é a Camargo Corrêa que já anunciou a disposição de obter financiamento de US$ 1,5 bilhão para viabilizar e construir a usina.
Do lado argentino, Garabi foi tema de uma reunião da União Industrial (UIA) no dia 13 passado, em que os empresários do país se dispuseram a somar forças com empresários brasileiros para pressionar os governos a agilizar o início das obras.
"Misiones, Corrientes e os Estados do Sul do Brasil querem que o projeto Garabi se concretize porque significaria um desenvolvimento regional muito importante", disse o presidente da UIA, Juan Carlos Lascurain ao jornal Clarín. As empresas argentinas foram duramente atingidas pelo racionamento de energia elétrica no inverno passado e estão preocupadas com a perspectiva de serem obrigadas a desligar as máquinas de novo este ano. Daí a pressão a favor do projeto, embora a construção da usina deva levar cinco anos.
O gás boliviano também poderá estar na pauta. Em um encontro sexta-feira em Buenos Aires com a presidenta Cristina Kirchner, Evo Morales alertou para a necessidade de uma reunião tripartite com o Brasil, cliente preferencial que compra a maior parte (31 milhões do total de 42 milhões de metros cúbicos) do gás produzido na Bolívia.
Em dezembro, Lula anunciou novos investimentos da Petrobras na Bolívia, no valor de US$ 750 milhões até 2012. Já o governo argentino prometeu a Morales aplicar US$ 450 milhões em uma usina separadora de gases. Porém, há um prazo longo de maturação dos investimentos e o governo boliviano teme não ter condições de entregar todo o gás necessário a curto prazo por falta de infra-estrutura.
Na reunião de sexta, Morales reforçou o pedido de novos investimentos argentinos na extração de gás em seu país, de forma a garantir a provisão de 7,7 milhões de metros cúbicos por dia ainda este ano, acertada em um acordo assinado com o ex-presidente Néstor Kirchner. O acordo assinado prevê a ampliação do fornecimento para 27,7 milhões de metros cúbicos até 2011.
No campo das relações bilaterais, os presidentes deverão receber um informe sobre o andamento dos trabalhos de quatro subcomissões formadas a partir de dezembro para tentar avançar nos principais temas da pauta. Segundo o governo argentino, as subcomissões tratam dos seguintes temas: economia, produção, ciência e tecnologia; segurança e produção para defesa; energia transporte e infra-estrutura; saúde, educação de desenvolvimento.
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