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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Decifrando verdades e mentiras no dito "Mensalão".

O LADO DOS CORRUPTORES:

Como demonstra o caso do tucano Eduardo Azeredo (mas não só dele), esse grupo de Marcos Valério, Banco Rural, Daniel Dantas, etc, vem de longe. Quando Lula chegou ao poder, ao que tudo indica, quiseram continuar com seus esquemas de sempre. Queriam capturar o governo Lula para sua rede de maracutaias.

Tentaram se infiltrar através de alguns deputados e membros dos partidos que julgavam influentes (nem todos estavam a serviço de interesses escusos). Adiantaram pagamentos à deputados, na expectativa de favores futuros, que NUNCA SE CONCRETIZARAM.

Esses pagamentos à deputados, foram usados para financiar ou pagar dívidas de campanha de alguns (caixa-2), outros usaram para enriquecimento ilíticio, ao que tudo indica. No decorrer do processo no STF tudo será esclarecerido.

O objetivo dos corruptores era conseguir "bons negócios" no governo federal, provavelmente como nos "bons tempos" (para eles) dos DEMos e Tucanos.

Tudo aponta para o interesse em alguns negócios bilionários que dependiam do governo:

- a solução dos problemas do Opportunity na Brasil Telecom (de Daniel Dantas, que era a maior fonte de receita da agências de propaganda do Marcos Valério, porém as CPI's sempre o protegeu, pois sempre foi um beneficiário das maracutaiais DEMO-Tucanas e provedor dos DEMos e Tucanos).

- o fim das liquidações dos bancos Econômico e Mercantil de Pernambuco, do interesse do Banco Rural.

etc.

Nada disso deu certo. Quebraram a cara. Na prática, poderíamos dizer que adiantaram "pagamentos" à espera de benesses, e os pretensos corruptores LEVARAM CALOTE, porque se alguém prometeu, nunca teve cobertura no Governo Lula, para entregar o prometido.

Não só não conseguiram nada, como conseguiram um tremendo prejuízo: apurou-se que Marcos Valério movimentou R$ 55 milhões. A Receita Federal autuou até agora os envolvidos em R$ 284 milhões.

Ponto para o governo Lula.

A BASE PARLAMENTAR DE APOIO:

No sistema político brasileiro, o governo não consegue governar sem maioria no Congresso. Nem as medidas provisórias nem o orçamento da união são aprovados sem passar pelo Congresso, quanto mais reformas. Varias nomeações, desde o presidente do Banco Central, das Agências Reguladoras, até embaixadores, passam pela apovação do Senado.

O mais grava é que a oposição obstrui para evitar que o Governo seja bom, mesmo isso representando prejuízos para nação.

Muitos eleitores votam para Presidente de uma forma, e muitas vezes votam em deputados de outra forma. Muitos deputados não tem grande compromisso com valores republicanos e são eleitos por manterem ambulâncias em regiões carentes, serviços sociais assistencialistas, currais eleitorais, ou dominarem a mídia. Depois recuperam (e até auferem lucros) esse dinheiro através das verbas de gabinete, ou de emendas ao orçamento para seus apaniguados.

Os parlamentares deveriam apoiar ou não ou governo apenas fechando acordos sobre programas de governo.

É legítimo ocuparem cargos, como ministérios, dentro do espírito de governar junto.

Também é legítimo que políticos que apoiam o governo, ambicionem ocupar cargos, para realizar uma boa gestão de políticas públicas que lhes dêem visibilidade e prestígio político para candidatarem-se a governadores, senadores, prefeitos, etc.

A triste realidade brasileira, é que muitos que buscam cargos, só pensam em usar o poder para manipular o dinheiro do orçamento para enriquecimento próprio e de "amigos".

Essa triste realidade que temos que combater, tomando mais cuidado na eleição para Deputados e Senadores.

Isso vem de longe. Na década de 80, no governo Sarney, houve um ministro Robertão (Cardoso Alves), que ironizou uma frase de São Franciso de Assis, dizendo que a relação com os deputados era na base do "É dando que se recebe". Daí surgiu o grupo na constituinte chamado de "Centrão". De lá pra cá, esse grupo segue o lema "Há governo, sou a favor" (desde que bem remunerado, é claro).

O Roberto Jefferson é um exemplo típico. Ele entrou no PTB da Ivete Vargas, criado para tirar a sigla de Leonel Brizola no início da década de 80. Esse PTB apoiou o General Figueiredo, Sarney, Foi da tropa de choque do Collor, apoiou Itamar, e FHC. Sempre com a boca calada, provavelmente saciado.

Quando Lula chegou ao poder, teve que compor maioria no Congresso com o que havia disponível fora do bloco governistas PT, PSB, PCdoB, PL. Entraram segmentos que apoiavam FHC antes: PTB, PP, etc. O PL apoiou Lula durante a eleição coligando e forncecendo o vice.

O governo é obrigado a ceder cargos aos partidos para ter maioria no Congresso, mas Lula inovou. Não deu cargos, nem ministérios de "porteira fechada". Haviam pessoas de maior confiança que ocupavam postos chaves nestes órgãos, funcionando como inibidor de tentativas ao ataque da corrupção.

Além disso, Lula equipou melhor e escolheu chefes incorruptíveis para a Polícia Federal, a CGU, e a Receita Federal, para serem implacáveis com casos de corrupção (inevitável em qualquer governo, mesmo em países do primeiro mundo, o que não pode haver é complascência).

Isso gerou diversas insatisfações. A mais notória foi Roberto Jefferson. Ele foi envolvido pelo vídeo de Maurício Marinho recebendo propina. A Polícia Federal abriu inquérito e fez busca e apreensão na casa do genro de Roberto Jefferson.

O governo Lula não interferiu na investigação da polícia Federal, como exigia Jefferson, para abafar o caso. Ele achou que era a ABIN que estava o perseguindo a mando de José Dirceu. Ele sentiu-se acuado e começou a denunciar de forma a envolver José Dirceu.

Na verdade o governo Lula poderia ter impedido as denúncias de Roberto Jefferson se fosse um governo corrupto. Não impediu, não abafou, não protegeu, porque não é um governo corrupto.

Ponto para o governo Lula.

PORQUE O MENSALÃO NÃO EXISTIU, COMO DIZEM:

Roberto Jefferson, acuado, resolveu atacar. Denunciou que o governo "comprava" deputados para votarem a favor no Congresso. Denunciou Marcos Valério como operador financeiro do dito "Mensalão".

Realmente ficou comprovado pagamentos a deputados através de Marcos Valério. Mas isso tem a ver com o adiantamento de "pagamentos" à espera de "benesses" que nunca vieram, e não com uma mensalidade para apoio ao governo.

Além do mais Marcos Valério tinha uma extensa rede de relacionamentos com políticos independente uns dos outros. Desde os tucanos do Eduardo Azeredo, até muito outros.

As agências de Publicidade de Marcos Valério tinha a conta do Governo de Minas de Aécio Neves, e do Governo do Distrito Federal de Roriz.

Clésio Andrade, vice-governador de Aécio Neves em 2002, foi sócio de Marcos Valério na SMP&B.

A quebra do sigilo telefônico pela CPI dos Correios do sócio de Marcos Valério, Cristiano de Mello Paz, mostrou pelo menos 37 telefonemas com o comitê financeiro do tucano José Serra durante a campanha presidencial de 2002. Além destas ligações, a comissão já identificara telefonemas de Valério para o comitê de Aécio Neves (governador de Minas) em 2002 e para o senador Eduardo Azeredo (ex-presidente do PSDB) entre 2001 e 2002.

Pimenta da Veiga, o ex-ministro das Comunicações de FHC, é um dos políticos mais próximos de Marcos Valério. A quebra do sigilo bancário do empresário mostrou que Pimenta da Veiga recebeu R$ 150 mil da agência SMPB. Segundo Valério, pela "prestação de serviços advocatícios".

Nada disso foi investigado à fundo nas CPI's. Na imprensa falar mal dos DEMos e Tucanos também é heresia. Aguardemos a denúncia do Procurador Geral da República sobre o Valerioduto tucano.

Voltando à tese de pagar em troca de apoio, isso cai por terra, quando analisamos:

- Os pagamentos de Marcos Valério não eram necessariamente coincidentes com as votações no Congresso.

- O deputado Roberto Brandt era do PFL e recebeu dinheiro do Marcos Valério da mesma forma que os da base governista. Como ele poderia ser pago para votar com o governo se era da oposição e votava claramente contra o governo?

- O deputado João Paulo Cunha, recebeu dinheiro de Marcos Valério. Alega ser para campanha eleitoral (isso a justiça se encarregará de esclarecer). É impossível que seja para votar com o governo, pelo simples motivo que ele era presidente da câmara, e presidente da câmara não vota.

- Os deputados do PT eram governistas, e vários receberam algum pagamento de Marcos Valério. Jamais poderia ser para votar com o governo. Fica cada vez mais claro que nestes casos deve ser mesmo caixa 2 de campanha.

- Antes da denúncia do dito "Mensalão", o governo já havia perdido a eleição para a presidência da Câmara. O candidato governista, deputado Greenghald, perdeu para Severino Cavalcanti que foi apoiado pela oposição. Houvesse mensalão e Greenghald teria vencido.

- Houveram outras derrotas do governo no Congresso, também, antes da denúncia de Roberto Jefferson.

E os demais partidos considerados fisiológicos? Após as eleições tiveram suas bancadas engordadas. Pesam sobre eles acusação de aliciamento, de promessas de vantagens financeiras para trocar de partido. Isso é bem possível que tenha acontecido. Quanto maior a bancada, mais cacife tem para exigir cargos e ministérios. Então líderes partidários inescrupulosos podem ter montado esquemas financeiros, acreditando que conseguiriam levantar recursos através das nomeações em cargos, e podem ter "vendido" promessas a corruptores que esperavam "benesses" pelo mal uso desses cargos. Daí terem recebido dinheiro de Marcos Valério. Mas o que o governo Lula tem a ver com isso? Nada. Isso é responsabilidade dos partidos que cometeram este delito, dos líderes e deputados que exerceram essa prática. Marcos Valério nunca conseguiu as pretendidas "benesses" do governo Lula. Pelo contrário amargou dura fiscalização da Receita Federal.

Aliás, esse aliciamento dos partidos fisiológicos parece ser tradicional na política brasileira. Diga-se de passagem que o PSDB também engordou muito na época de FHC com deputados que mudaram de partido. O PT não engordou na época de Lula.

Resumindo: Roberto Jefferson juntou coisas diferentes e desconexas como:

- adiantamento de pagamentos por corruptores, à espera de benesses que não vieram;
- aliciamento de partidos a deputados;
- caixa 2 de campanha;

Misturou tudo num liquidificador e deu o nome de "Mensalão" como se tudo fizesse parte um só plano organizado.

Isso fez a alegria da imprensa golpista, estava aí a chance de ouro para Ali Kamel da Globo "testar suas hipóteses" à vontade, junto ao resto do impressalão, para derrotar Lula nas urnas em 2006.

NEM TODOS SÃO SANTOS, E NEM TODOS SÃO DEMÔNIOS:

Então nada das denúncia sobre o mensalão tem fundamento? É claro que tem. Eu não vou repetir o impressalão e pré-condenar ninguém, mas está claro que teve deputados, marqueteiros envolvidos em irregularidades, e é quase certo que alguns se envolveram para enriquecimento pessoal. Outros montaram esquemas de caixa 2.

Outros entraram de gaiato. Outros quiseram ser espertos demais e se meteram na maior encrenca de suas vidas.

Mas tudo isso é coisa para as investigações apurarem, e que a justiça seja feita, para o bem e para o mal.

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