Uma tentativa de assalto. Um advogado ligado às casas de bingo e caça-níqueis. Um carro acidentado. Uma estranha coleção de envelopes com dinheiro dentro. Isso dá um bom enredo de filme. E também uma grande dor de cabeça para os tucanos até aqui muito quietos. As escutas telefônicas da Operação Xeque-Mate, que investiga a máfia dos caça-níqueis, revelaram a preocupação dos envolvidos com um acidente de trânsito, em São Paulo, no mês passado. No dia 25 de maio, o advogado Jamil Chockr bateu o carro ao sofrer uma tentativa de assalto em São Paulo. Policiais militares que ajudaram no socorro acabaram descobrindo no veículo documentos com a movimentação de caça-níqueis, uma contabilidade com nomes de departamentos da Polícia Civil e R$ 38 mil.O Ministério Público entrou na parada e, na quinta-feira 31, bingo! Isso mesmo: descobriu-se que Jamil advoga para casas de bingo e caça-níqueis, e apareceram novas anotações. Em uma delas consta PFSP e, ao lado, o valor de R$ 35 mil. O Ministério Público quer saber se essa sigla corresponde, na contabilidade do advogado, à Polícia Federal de São Paulo. Aparecem também anotados Decap (R$ 5 mil) e Deic (R$ 17 mil), siglas de órgãos da Polícia Civil. É nisso tudo que deu a suspeita batida de Jamil.
A parte dois do caso...
Em São Paulo, a investigação da PF poderá ajudar a dar respostas para duas perguntas que não querem calar: por que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) trabalhou tanto para impedir a aprovação de uma lei que contrariava os interesses da máfia dos caça-níqueis e por que o atual governador José Serra, também do PSDB, insiste em ignorar a lei, mesmo depois de aprovada?O Projeto de Lei 184/03 foi apresentado em 2003 e aprovado pela Assembléia dois anos depois, em dezembro de 2005, porém, foi imediatamente vetado pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) em janeiro de 2006. Os deputados estaduais paulistas, numa decisão incomum naquela casa, derrubaram o veto do governador em dezembro do mesmo ano, obrigando o executivo estadual a sancionar a lei...
E a parte três
Serra contesta lei que proíbe caça-níquel em São Paulo O governador de São Paulo, José Serra, entrou com ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra lei estadual que proíbe os jogos de azar no Estado de São Paulo. José Serra, para derrubar a lei que proíbe a instalação, a utilização e a locação de máquinas caça-níqueis, videobingo e videopôquer em bares e restaurantes do estado. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada no Supremo Tribunal Federal, o governador alega que a Lei Estadual 12.519 fere a Constituição Federal. Serra solicitou, a análise da Procuradoria Geral do Estado para declarar inconstitucional a lei de Tuma Júnior.
Mais envolvimentos
Vale lembrar também que um dos maiores contraventores do país, o ex-policial no Mato Grosso e comendador por aprovação da Assembléia Legislativa do Estado, João Arcanjo Ribeiro, ficou milionário graças à exploração de máquinas caça-níqueis, cassinos ilegais, jogo do bicho e agiotagem. E a quem Arcanjo é intimamente ligado?: ao ex-senador Antero Paes de Barros, do PSDB. Embora se esforcem para negar a participação do “comendador” Arcanjo no financiamento de suas campanhas, a ação dos tucanos do Mato Grosso, em especial de Antero Paes de Barros, é um trabalho estéril, levado em consideração a gama de provas já reunidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.Assim, de caso em caso, a relação de políticos com os jogos ilegais vai se revelando uma hipótese que a Polícia Federal poderá confirmar em breve, quando a Operação Furacão e Xeque Mate se debruçar sobre o farto material que recolheu e varrer outros estados da federação. A ventania pode deixar muito tucano depenado.
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