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sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Serra começa aparecer no esquema sanguessuga


Em discurso da tribuna, a senadora Ideli Salvati (PT-SC) pediu ontem à mesa diretora do Senado para encaminhar à CPI dos Sanguessugas fotos em que o ex-ministro da Saúde José Serra (PSDB) aparece numa cerimônia para entrega de ambulâncias no Mato Grosso, em 2001(Fotos aqui). Segundo ela, trata-se de indício do nascedouro do esquema ainda durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E motivo para a convocação de Serra, candidato favorito ao governo de São Paulo, para depor na CPI.

A existência das fotos e mesmo da cerimônia, porém, já eram de conhecimento da CPI desde o último dia 13, quando seis membros da comissão foram a Cuiabá (MT) ouvir secretamente o sócio da Planam, Darci Vedoin, que estava preso. A eles, Darci lembrou ter entregue 56 ambulâncias para municípios mato-grossenses, junto ao então governador, Dante de Oliveira — morto mês passado —, ao ministro Serra e aos deputados da bancada do Mato Grosso. “Foi num local fechado, lá no Pantanal”, disse.

Emenda

A descrição corresponde às fotos que vinham circulando na internet. “Cinqüenta e seis unidades, todas fotografadas, com a presença do governador, com a presença do ministro, com a presença de todo mundo. Com a minha presença. Aí, nós começamos a pensar maior”, disse Darci Vedoin a membros da CPI.

Segundo o dono da Planam, o dinheiro para a compra das ambulâncias foi orçado numa emenda de bancada subscrita por todos os deputados do Mato Grosso. Alguns deles já cobraram propina da empresa, conforme o depoimento.

Naquela ocasião, o relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), perguntou ao empresário se alguém do Ministério da Saúde também “já entrava” no esquema das ambulâncias. Darci respondeu: “não”. A fraude consistia no superfaturamento dos veículos, que era viabilizado pela dispensa de licitação, já que os valores dos projetos eram fragmentados de forma a que sempre fossem inferior a R$ 80 mil. Dessa forma, era possível fazer cartas-convites para a Planam e para outras empresas fantasmas, que apresentavam valores ainda mais altos do que a empresa mato-grossense. A Polícia Federal estima que a quadrilha tenha movimentado R$ 110 milhões, desde 2001.


Helena

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