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terça-feira, 2 de janeiro de 2007

A borboleta e o presidente


Do alto do Parlatório do Palácio do Planalto, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou aos militantes que o esperavam na Praça dos Três Poderes. “Daqui a pouco vou aí abraçar vocês.” Mal terminou a cerimônia e ele desceu a rampa do palácio, faixa presidencial no peito e acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia. Atravessou a rua e foi abraçar os militantes. A quebra de protocolo deu o tom que Lula queria para a posse da reeleição. Ele assumiu agradecendo sua vitória aos brasileiros mais pobres e prometeu governar para eles.

Dois discursos marcaram . Primeiro, no plenário da Câmara, ele leu durante 37 minutos um texto preparado por sua assessoria. Deu ênfase às promessas de crescimento econômico e fez apelos ao diálogo com a oposição. Mas continuou a falar diretamente com os brasileiros mais pobres, diretamente responsáveis por sua reeleição. Prometeu desenvolvimento com inclusão social. “Nosso governo nunca foi e nem é populista”, disse. “Mas este governo foi, é e sempre será, popular.” O segundo discurso foi feito de improviso no Parlatório do Planalto, diante dos militantes que enfrentaram a chuva de Brasília para assistir à festa de Lula. Nele, o presidente aprofundou o tom de pai dos pobres que assumiu desde a campanha eleitoral. “Sou presidente de todos, mas não se enganem. Continuarei fazendo o que faz uma mãe. Cuidando primeiro dos mais necessitados.”

O texto da Câmara foi redigido em conjunto pelo publicitário João Santana, marqueteiro da campanha de Lula, e pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci. O improviso do Parlatório saiu só da cabeça do presidente. Juntos, desenham o perfil planejando para o segundo mandato, que Lula tentou resumir numa frase enigmática. “Tudo é muito parecido (com o primeiro governo), mas tudo é profundamente diferente.”

Lula falou muito sobre economia .Prometeu anunciar em janeiro o programa de medidas para destravar o crescimento. “Vamos agilizar e ampliar os investimentos públicos e desonerar e incentivar os investimentos privados.” Também disse que incluirá na agenda do país reformas estruturais. Ele disse que no segundo mandato os programas sociais terão cada vez mais a função de alavancar o crescimento da economia.

Lula deixou claro que atribui aos pobres beneficiados por esses programas sociais sua reeleição. “Fui reconduzido à Presidência da República pela vontade majoritária do povo brasileiro. A realização do segundo turno deu mais nitidez à escolha, contrapondo projetos de país com contornos bem definidos e diferenciados. O povo fez uma escolha consciente. Mais do que um homem, escolheu uma proposta, optou por um lado. Não faltaram os que, do alto de seus preconceitos elitistas, tentaram desqualificar a opção popular como fruto da sedução que poderia exercer sobre ela o que chamavam de ‘distribuição de migalhas.’”

O Presidente encerrou o discurso no Parlatório com uma frase de efeito. “Feliz ano-novo e amanhã é dia de nós dizermos em alto e bom som: ‘Deixa o homem trabalhar, senão o país não cresce como precisa crescer.’” Lula volta ao trabalho hoje, mas entra em férias a partir de sexta-feira.

Crise ética
O primeiro mandato de Lula foi marcado por denúncias de corrupção contra o governo e o PT. Ao assumir o novo mandato, ele se referiu indiretamente a esses casos. “Em política, já fui enganado muitas vezes”, disse no Parlatório. Pouco antes, no Congresso, falou genericamente sobre a crise. “Nunca o mundo viveu um período de tão grande descrédito na política e nunca a política foi tão importante.”

No plenário, Lula teve de driblar alguns constrangimentos. Vários parlamentares envolvidos nos últimos escândalos foram cumprimentá-lo. O Presidente evitou abraçar Ricardo Berzoini, que reassume hoje a presidência do PT depois de meses afastado por suspeitas de envolvimento na compra de um dossiê contra os tucanos. Passou direto para o deputado que estava ao lado dele, e Berzoini teve de contentar-se em dar um tapinha nas costas de Lula. Mas na saída, Lula fez questão de abraçar o ex-presidente petista José Genoino, que renunciou depois do escândalo do mensalão.


A borboleta e o presidente
O presidente Lula encerrou em tom de oração seu discurso de posse no Congresso.
Eu pedi Força... e Deus me deu Dificuldades para me fazer forte.
Eu pedi Sabedoria... e Deus me deu Problemas para resolver.
Eu pedi Prosperidade... e Deus me deu Cérebro e Músculos para trabalhar.
Eu pedi Coragem... e Deus me deu Perigo para superar.
Eu pedi Amor... e Deus me deu pessoas com Problemas para ajudar.
Eu pedi Favores... e Deus me deu Oportunidades.
" Eu não recebi nada do que pedi... Mas eu recebi tudo de que precisava. " A lição da Borboleta e mistura espiritualidade com auto-ajuda. Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, disse que o presidente recebeu o texto durante a campanha eleitoral de um metalúrgico em Angra dos Reis (RJ).


Helena

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