Lula, de novo, não contém a emoção no TSE e garante que pode fazer melhor no segundo mandato
O Presidente Lula emocionou-se ao receber o diploma quando foi diplomado Presidente da República há exatos quatro anos. Ontem à noite, em uma repetição da cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para sacramentar a reeleição obtida em outubro, o presidente, julgando-se mais maduro, prometeu não chorar novamente. Mas descumpriu a promessa pouco mais de um minuto depois de tê-la feito. Chorou ao agradecer sua eleição “ao povo mais humilde” e, em tom de desabafo, pregou o fim do voto de cabresto no país.
“Quero agradecer a compreensão do povo brasileiro, que, em momentos muito difíceis... (chora e bebe água). O povo mais humilde do Brasil deu um exemplo ao Brasil”, desabafou. “O povo mais humilde não precisou de intermediário para dizer a ele o que fazer nesse processo eleitoral.” Lula se referiu ao fato de o eleitorado mais pobre, especialmente do Nordeste, ter sido o responsável por sua vitória, segundo as pesquisas de opinião. Durante a campanha, ele foi acusado de dividir o país entre ricos e pobres.
No discurso, o presidente fez uma análise sociológica do resultado eleitoral. Avaliou que venceu porque o povo aprendeu a usar a urna eletrônica, votou com sua consciência e decretou o fim do voto de cabresto no Brasil. “Acabou-se o tempo do voto de cabresto neste país. Acabou o tempo que o povo ia perguntar o que fazer na época da eleição, como ia votar.”
A emoção de Lula contagiou a platéia de ministros, políticos aliados e integrantes dos movimentos sociais. O governador eleito de Brasília, José Roberto Arruda (PFL), também compareceu. A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, chorou. E até o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ficou com os olhos mareados. “Foi lindo”, justificou o titular da Justiça. Apesar da emoção, os ministros trataram de relativizar as palavras do Presidente e pregaram a unidade nacional. “O povo mais humilde deu a força fundamental, mas a classe média e também empresários, vários segmentos”, justificou.
Polidez
Lula chegou quatro minutos antes das 19h ao TSE e até o momento em que se emocionou repetiu exatamente os passos da cerimônia anterior. Ele e o vice-presidente José Alencar receberam o diploma das mãos do presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, que foi crítico do governo, mas manteve a polidez na cerimônia e desejou felicidade “na empreitada”. No discurso, Lula prometeu que faria diferente e não iria chorar. “O primeiro diploma que eu recebi aqui estava tomado de um estado emocional que quatro anos mais velho não me permite ter o mesmo estado emocional”, prometeu.
O próprio Presidente constatou que o momento é distinto e estava tomado por uma emoção diferente. No primeiro mandato, justificou, tinha a missão de provar que era competente. Seus adversários pregaram durante a campanha em 2002 que o PT levaria o país à bancarrota. Desta vez, disse, precisa provar que pode fazer melhor do que no primeiro mandato. “Agora, eu não posso me comparar com ninguém. Agora é Zé Alencar e Lula contra Zé Alencar e Lula, em benefício do povo brasileiro.”
O clima da segunda diplomação também foi diferente da primeira. Assim como ocorreu na campanha, o vermelho típico do PT sumiu dos trajes dos convidados. Em 2002, alguns trouxeram a estrela símbolo petista na lapela. Agora, o presidente exibia apenas uma bandeira do Brasil no paletó e a primeira-dama, Marisa Letícia, vestiu azul. O vermelho ficou timidamente escondido em listras na gravata presidencial. A cor até foi exibida no tapete que o tribunal providenciou na entrada do prédio, mas nem Lula nem os convidados o viram, pois a maioria entrou pela garagem devido à chuva. Poucos foram os ministros que se arriscaram a pisar no tapete encharcado. Depois de receber os cumprimentos, Lula participou de um coquetel, para cerca de 100 pessoas, no Palácio Itamaraty, onde não escondeu sua alegria.
Desabafo presidencial
“O povo mais humilde não precisou de intermediário para dizer a ele o que fazer neste processo eleitoral”
“Acabou-se o tempo em que algumas pessoas ousavam dizer neste país como o povo devia votar. Acabou-se o tempo do voto de cabresto neste país. Acabou o tempo que o povo ia perguntar o que fazer na época da eleição, como ia votar”
“Agora, eu não posso me comparar com ninguém. Agora, eu tenho que comparar o segundo mandato com o primeiro mandato. Agora é Zé Alencar e Lula contra Zé Alencar e Lula, em benefício do povo brasileiro”
“O primeiro diploma que eu recebi aqui estava tomado de um estado emocional que quatro anos mais velho não me permite ter o mesmo estado emocional”
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Brasilidade destacada
O diploma que o Presidente Lula deve pendurar em seu gabinete foi confeccionado especialmente por um designer da Casa da Moeda do Brasil e faz alusão à brasilidade. Idealizado por Guilherme Tardin, o documento é predominantemente verde e traz a imagem estilizada da bandeira nacional, além de figuras dos palácios do Planalto e da Alvorada em marca d\\\'água. As Armas da República também estão impressas na parte superior. A Casa da Moeda imprime os diplomas do presidente e do vice-presidente eleitos desde 1994.
O diploma também faz uma referência à escultura Guerreiros, de Bruno Giorgi, mais conhecida como Dois Candangos, numa homenagem aos que chegaram ao Planalto Central vindos de todas as partes do país, principalmente do Nordeste, e que ajudaram a construir Brasília. A moldura também tem seu toque especial e foi feita usando a calcografia, um trabalho especial com um ornato composto de linhas onduladas que se cruzam simetricamente.
Helena
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