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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MP pede devolução de R$ 3,3 bilhões que teriam sido desviados em Minas

O Ministério Público quer que o governo de Minas e a Copasa, companhia responsável pelo abastecimento de água e o esgotamento sanitário no estado, devolvam aos cofres públicos R$ 3,3 bilhões que não teriam sido investidos em saneamento entre 2003 e 2008. Em ação proposta à Justiça, os promotores alegam que a gestão do ex-governador Aécio Neves (PSDB) informou ter repassado os recursos à empresa, como parte dos gastos obrigatórios com saúde previstos na Emenda Constitucional 29, mas eles não foram comprovados. O estado nega irregularidades.

Os valores constam de prestações de contas encaminhadas ao Tribunal de Contas de Minas (TCE-MG). Para cumprir o mínimo de despesas previsto na legislação (10% da arrecadação em 2003 e 12% a partir de 2004), o Palácio da Liberdade tem aumentado, ano a ano, o montante supostamente aplicado pela Copasa, da qual é o principal acionista. Embora a questão seja controversa, carente de regulamentação pelo Congresso, o MP não questionou se saneamento pode ser tratado como " ação ou serviço público de saúde." Ateve-se apenas a checar se foram feitos e executados repasses.

Ao analisar relatórios de auditorias contratadas pela própria Copasa, o MP não encontrou registros de entrada de recursos para saneamento. A investigação foi remetida à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que também não apurou evidências de transferências.

Numa manifestação encaminhada à CVM, a Copasa informou que os investimentos de 2003 a 2008 "estão líquidos custos de aquisição de bens de uso geral (como veículos, prédios etc) e de informática, porque não constituem bens vinculados diretamente aos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário". Em comunicado posterior, segundo a ação, a empresa afirmou que "não recebe transferência de recursos da saúde pública para realizar seus investimentos."

Para o MP, a Copasa se contradisse: primeiro, informou que os recursos vão para outras finalidades, como itens de informática; depois, admitiu não ter recebido os valores. Na ação, os promotores informam que representantes da empresa e do governo se negaram a depor a respeito. E que os fatos são também objeto de apuração criminal.

"O dano decorrente da hipótese de fraude tem caráter difuso e é de difícil mensuração, mas atinge a sociedade como um todo e pode ser percebido nos baixos indicadores gerais de saúde, tão divulgados pelas mídias contemporâneas, sobre os quais repercute de forma mais negativa ainda", diz a ação.

Além da devolução dos recursos, com o depósito dos R$ 3,3 bilhões no Fundo Estadual de Saúde, o MP pede à Justiça liminar para bloquear eventuais repasses do governo mineiro à Copasa este ano, até que se comprove a regularidade das operações em anos anteriores.

A Advocacia Geral do Estado de Minas (AGE) informou ontem que está analisando o processo para se posicionar no prazo legal. Em nota, o Palácio da Liberdade informou que os investimentos em saúde são crescentes e que cumpre regularmente suas despesas, obedecendo aos critérios definidos em instrução do TCE e na Lei Orçamentária.

O presidente da Copasa, Ricardo Simões, explicou que, de fato, não constam repasses do estado para a companhia, pois os investimentos em saneamento são feitos com recursos próprios da empresa. Segundo ele, embora a legislação diga que o investimento deve ser de 12% da arrecadação com impostos, um parecer do TCE autoriza o uso de recursos da tarifa de água.

- Os valores foram executados em abastecimento e esgotamento sanitário - assegurou, acrescentando que investimentos em bens de uso geral e de informática não entram na conta da Emenda 29.

Os investimentos em saúde estão no centro do debate eleitoral em Minas. Em comício na quarta-feira, o presidente Lula acusou o governo do estado de não aplicar o percentual mínimo na saúde. Relatório do Departamento Nacional de Auditoria do SUS sustenta que Minas usou menos de 6% em 2006 e 2007. Para o órgão, saneamento não deve entrar na conta, diferentemente da posição do Palácio da Liberdade. O Globo, comparsa do Serra, detonando Aécio!

3 Comentários:

Amarildo Lage disse...

Valeu, Helena, mexeram na "caixa de pandora" do Aécio. Tem mais podre aí do que esgoto, tem propina, compra de votos... Investigue.

Edmar C. Lima disse...

O que me incomoda é que não é a globo detonando "Aécio inimigo do $erra". É a globo querendo se garantir com a eleição do ex(?) empregado o tal de Hélio Costa. De verdade, esse PMDB tá saindo meio caro pra DILMA!

joaquim de carvalho disse...

Os tucanos copiam essa ideias de Jênio, uns dos outros.
Aqui em Goiás, para cumprir o limite exigido em saúde e educação, Marconi fez tudo isso e mais.
Asfalto é saúde, pois acaba com poeira?
Cesta básica é saúde por combater fome?
A mesma coisa com educação.

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