Serra repetiu sua propaganda picareta na TV, hoje à tarde, pirateando a imagem de Lula e aderindo ao "lulo-petismo". Mas, deixando a ironia e a picaretagem de lado, percebe-se que a propaganda de Serra está com dificuldades de encontrar um discurso minimamente consistente até em assuntos unânimes. Está improvisando, e mal. Errou até na abordagem sobre o crack.
É louvável a preocupação, e Dilma também já abordou o tema, mas a forma de Serra apresentar o assunto não agrada nem quem lida com o problema.
A droga não é um problema a ser resolvido por um cavaleiro solitário, o super-Serra, como ele se mostrou na propaganda.
A maioria dos pais e mães, mesmo convivendo diariamente com seus filhos, só ficam sabendo de envolvimento deles com drogas depois que acontece. Como o super-Serra, isolado em Brasília, será onipresente na vida de todos?
Combater o crack precisa do envolvimento de todos que se consiga mobilizar, e não do isolamento de Serra, dizendo: "deixa comigo".
Precisa da família, da escola, da rede de saúde, das igrejas e missionários, das pastorais da sobriedade, dos centros terapêuticos, dos grupos Narcóticos Anônimos, dos movimentos sociais, da polícia, das guardas municipais, da política, dos governos federal, estadual e municipal.
Um candidato a presidente que criminaliza movimentos sociais, que não dialoga com a sociedade, que é contra conferências nacionais, que pouco fala até com seus correligionários, é a pessoa menos indicada para liderar qualquer campanha contra o crack.
O marqueteiro de Serra começou até bem ao pegar o gancho do programa da AIDS para estabelecer um paralelo com o crack (pecou por mentir, ao dizer que a autoria é de Serra, porque quem fez o programa foi Lair Guerra e Adib Jatene. Serra o encontrou pronto). A idéia é válida e o governo Lula já faz isso com o Programa Nacional de Combate ao Crack.
Mas vindo de Serra, por que ele não gastou o dinheiro dos anúncios da Sabesp e do Rodoanel em campanha contra o crack?
Por que em vez de colocar polícia para bater em professores, não a colocou para vigiar escolas, dissuadindo o tráfico?
Porque não tratou a contento a crocolândia de São Paulo, que tinha nome e endereço conhecido durante anos, no centro de São Paulo, em vez de deixá-la espalhar por toda a cidade, por todo o estado e por todo o Brasil?
Serra, quando pôde resolver o problema da cracolândia, não fez. Agora é tarde para ficar prometendo fazer, em Brasília, o que não fez quando estava bem ali do lado em São Paulo, como prefeito e governador.
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6 Comentários:
Interessante lembrar que, enquanto prefeito de São Paulo, Serra combatia o crack instalando estruturas de concreto que inviabilizava o sono dos moradores de rua. Serra combatia as drogas expulsando, excluindo seus usuários. Agora, presidente, fará "mais e melhor". Serra é a maior (além de mal feita) falácia já criada pela propaganda brasileira.
SEGUE O EDITORIAL DA FOLHA DE HOJE:
sábado, 21 de agosto de 2010
A fuga dos ratos
Editorial da Folha de São Paulo neste sábado (dia 21)
Avesso do avesso
Tentativa do tucano José Serra de se associar a Lula na propaganda eleitoral é mais um sinal da profunda crise vivida pela oposição
Pode até ser que a candidatura José Serra à Presidência experimente alguma oscilação estatística até o dia 3 de outubro. E fatores imprevisíveis, como se sabe, são capazes de alterar o rumo de toda eleição. Não há como negar, portanto, chances teóricas de sobrevida à postulação tucana.
Do ponto de vista político, todavia, a campanha de Serra parece ter recebido seu atestado de óbito com a divulgação da pesquisa Datafolha que mostra uma diferença acachapante a favor da petista Dilma Rousseff.
A situação já era desesperadora. Sintoma disso foi o programa do horário eleitoral que foi ao ar na quinta-feira no qual o principal candidato de oposição ao governo Lula tenta aparecer atrelado... ao próprio Lula.
Cenas de arquivo, com o atual presidente ao lado de Serra, visaram a inocular, numa candidatura em declínio nas pesquisas, um pouco da popularidade do mandatário. Como se não bastasse Dilma Rousseff como exemplar enlatado e replicante do "pai dos pobres" petista, eis que o tucano também se lança rumo à órbita de Lula, como um novo satélite artificial; mas o que era de lata se faz, agora, em puro papelão.
Num cúmulo de parasitismo político, o jingle veiculado no horário do PSDB apropria-se da missão, de todas a mais improvável, de "defender" o presidente contra a candidata que este mesmo inventou para a sucessão. "Tira a mão do trabalho do Lula/ tá pegando mal/... Tudo que é coisa do Lula/ a Dilma diz/ é meu, é meu."
Serra, portanto, e não Dilma, é quem seria o verdadeiro lulista. A sem-cerimônia dessa apropriação extravasa os limites, reconhecidamente largos, da mistificação marqueteira.
A infeliz jogada se volta, não contra o PT, Lula, Dilma ou quaisquer dos 40 nomes envolvidos no mensalão, mas contra o próprio PSDB, e toda a trajetória que José Serra procurou construir como liderança oposicionista.
Seria injusto atribuir exclusivamente a um acúmulo de erros estratégicos a derrocada do candidato. Contra altos índices de popularidade do governo, e bons resultados da economia, o discurso oposicionista seria, de todo modo, de difícil sustentação em expressivas parcelas do eleitorado.
Mais difícil ainda, contudo, quando em vez de um político disposto a levar adiante suas próprias convicções, o que se viu foi um personagem errático, não raro evasivo, que submeteu o cronograma da oposição ao cálculo finório das conveniências pessoais, que se acomodou em índices inerciais de popularidade, que preferiu o jogo das pressões de bastidor à disputa aberta, e que agora se apresenta como "Zé", no improvável intento de redefinir sua imagem pública.
Não é do feitio deste jornal tripudiar sobre quem vê, agora, o peso dos próprios erros, e colhe o que merece. Intolerável, entretanto, é o significado mais profundo desse desesperado espasmo da campanha serrista.
Numa rudimentar tentativa de passa-moleque político, Serra desrespeitou não apenas o papel, exitoso ou não, que teria a representar na disputa presidencial. Desrespeitou os eleitores, tanto lulistas quanto serristas.
SEGUE O EDITORIAL DA FOLHA DE HOJE:
sábado, 21 de agosto de 2010
A fuga dos ratos
Editorial da Folha de São Paulo neste sábado (dia 21)
Avesso do avesso
Tentativa do tucano José Serra de se associar a Lula na propaganda eleitoral é mais um sinal da profunda crise vivida pela oposição
Pode até ser que a candidatura José Serra à Presidência experimente alguma oscilação estatística até o dia 3 de outubro. E fatores imprevisíveis, como se sabe, são capazes de alterar o rumo de toda eleição. Não há como negar, portanto, chances teóricas de sobrevida à postulação tucana.
Do ponto de vista político, todavia, a campanha de Serra parece ter recebido seu atestado de óbito com a divulgação da pesquisa Datafolha que mostra uma diferença acachapante a favor da petista Dilma Rousseff.
A situação já era desesperadora. Sintoma disso foi o programa do horário eleitoral que foi ao ar na quinta-feira no qual o principal candidato de oposição ao governo Lula tenta aparecer atrelado... ao próprio Lula.
Cenas de arquivo, com o atual presidente ao lado de Serra, visaram a inocular, numa candidatura em declínio nas pesquisas, um pouco da popularidade do mandatário. Como se não bastasse Dilma Rousseff como exemplar enlatado e replicante do "pai dos pobres" petista, eis que o tucano também se lança rumo à órbita de Lula, como um novo satélite artificial; mas o que era de lata se faz, agora, em puro papelão.
Num cúmulo de parasitismo político, o jingle veiculado no horário do PSDB apropria-se da missão, de todas a mais improvável, de "defender" o presidente contra a candidata que este mesmo inventou para a sucessão. "Tira a mão do trabalho do Lula/ tá pegando mal/... Tudo que é coisa do Lula/ a Dilma diz/ é meu, é meu."
Serra, portanto, e não Dilma, é quem seria o verdadeiro lulista. A sem-cerimônia dessa apropriação extravasa os limites, reconhecidamente largos, da mistificação marqueteira.
A infeliz jogada se volta, não contra o PT, Lula, Dilma ou quaisquer dos 40 nomes envolvidos no mensalão, mas contra o próprio PSDB, e toda a trajetória que José Serra procurou construir como liderança oposicionista.
Seria injusto atribuir exclusivamente a um acúmulo de erros estratégicos a derrocada do candidato. Contra altos índices de popularidade do governo, e bons resultados da economia, o discurso oposicionista seria, de todo modo, de difícil sustentação em expressivas parcelas do eleitorado.
Mais difícil ainda, contudo, quando em vez de um político disposto a levar adiante suas próprias convicções, o que se viu foi um personagem errático, não raro evasivo, que submeteu o cronograma da oposição ao cálculo finório das conveniências pessoais, que se acomodou em índices inerciais de popularidade, que preferiu o jogo das pressões de bastidor à disputa aberta, e que agora se apresenta como "Zé", no improvável intento de redefinir sua imagem pública.
Não é do feitio deste jornal tripudiar sobre quem vê, agora, o peso dos próprios erros, e colhe o que merece. Intolerável, entretanto, é o significado mais profundo desse desesperado espasmo da campanha serrista.
Numa rudimentar tentativa de passa-moleque político, Serra desrespeitou não apenas o papel, exitoso ou não, que teria a representar na disputa presidencial. Desrespeitou os eleitores, tanto lulistas quanto serristas.
Por isso ele é mais conhecido como José Erra!
Para destruir o falso discurso do Serra sobre o crack, basta apresentar na televisão fotos e vídeos com cenas de usuários de crack em várias ruas do centro de São Paulo, que transformou-se, durante o governo do Serra, em território livre de uso de drogas.
Que vergonha esse Serra... Agora quer se aliar a Lula depois de 8 anos batendo nele!!! palhaçada!!!
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