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sábado, 23 de setembro de 2017

Não existe viagem grátis: Doria usa aeronave de empresa da qual se desligou para viagens



O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), utiliza avião de uma empresa da qual ele se desligou para suas viagens pelo Brasil e exterior.

Além disso, assessores do tucano receberam R$ 88 mil em diárias dos cofres municipais para acompanhá-lo nesses deslocamentos.

O jato Legacy que ele usa pertence formalmente ao banco Bradesco -segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), está em alienação fiduciária, isto é, ainda não foi totalmente quitado.

A aeronave é operada pela empresa Doria Administrações e Eventos, integrante do Grupo Doria. Quando venceu a eleição municipal, ele se desligou da companhia e passou o controle aos filhos.

Para especialistas, a situação leva aos mesmos questionamentos se a empresa fosse outra qualquer -e pode vir a ensejar acusação de improbidade administrativa ou conflito de interesses.

Questionada, a gestão municipal afirmou não ver problema, "afinal, não há qualquer relação entre a Doria Administração e Eventos e a Prefeitura de São Paulo".

Na segunda-feira (18), quando foi a Porto Alegre, o prefeito voltou a defender seus deslocamentos, movimentação que reforça sua projeção nacional para 2018.

"Minhas viagens e inclusive os assessores que aqui vieram, vieram no meu avião. [...] Nenhum valor sequer foi retirado dos cofres públicos da cidade", declarou.

O tucano alterna o uso do avião do Grupo Doria com o jato do advogado Nelson Wilians, que o defende e representa clientes em dezenas de ações contra a prefeitura.

Doria e Wilians trocam horas de voo um no avião do outro. O escritório do advogado é associado a três seccionais do Lide, empresa de eventos que Doria fundou e da qual também se desligou.

Para Carlos Ari Sundfeld, professor de direito da Fundação Getulio Vargas, quando usa o avião do grupo ou o de Wilians, "a situação é a mesma de quando Michel Temer usa o avião da JBS".

"É um chefe do Poder Executivo usando avião de terceiro, recebendo benefício de terceiro. Do ponto de vista da improbidade, o que gera é um risco de, no futuro, levantar dúvida se houve uma troca."

Para o professor Marcelo Figueiredo, da PUC, "a questão não é a propriedade [do avião], é quem está pagando por essa viagem. Vejo problema na utilização sem pagamento. É estranho".

"Em princípio, o administrador público não deve receber presentes, trocas ou qualquer benefício que possa direta ou indiretamente levá-lo a uma vantagem ou ainda colocá-lo em uma situação de suspeição. Essa é a regra do impedimento ético."

A informalidade na troca de horas com Wilians foi criticada por ambos os professores. O prefeito não respondeu se pretende reembolsar o Grupo Doria pelas viagens.

ACOMPANHANTES

Os custos das viagens se devem aos seus acompanhantes. Secretários municipais receberam em diárias R$ 22 mil e policiais militares que fazem a sua segurança, R$ 66 mil. A prefeitura diz que, deste montante, R$ 33 mil da PM foram devolvidos.

Sua assessoria observou que, "quando fala em não gerar custos para o município, Doria se refere às passagens, hospedagens e diárias de alimentação a que teria direito".

O secretário de Relações Internacionais, Julio Serson, recebeu um total de R$ 9.200 em diárias, sendo R$ 5.100 pela semana que passou em Dubai e Doha ao lado do prefeito, em fevereiro. Em abril, nos dois dias em que acompanhou Doria em Lisboa, Serson usou R$ 1.036.

No mesmo mês, a passagem de seis dias pela Coreia do Sul do secretário representou R$ 3.062 para a prefeitura. A de Sergio Avelleda (Transportes), R$ 6.171.As despesas estão no Sistema de Orçamento e Finanças da cidade

Wilson Poit, secretário de Desestatização, obteve R$ 3.465 da prefeitura nos três dias que passou ao lado de Doria em Nova York.

Daniel Annemberg (Inovação) recebeu R$ 3.134,54 para gastos descritos como de alimentação pelos nove dias na China com o prefeito.

Além dos secretários, PMs designados para fazer a segurança do prefeito receberam verbas no total de R$ 66 mil, sem prejuízo de seus salários. Metade do valor foi devolvida, segundo a gestão Doria.

Desde que sua eventual pré-candidatura a presidente da República, em 2018, começou a ganhar força, o prefeito de São Paulo intensificou a agenda de viagens. As informações são da Folha


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