O anúncio da privatização da Eletrobras não só fez as ações da estatal dispararem (chegaram a 47,32% as ordinárias e 32,19% as preferenciais) como movimentou o pacote de especulações no mercado financeiro. Segundo especialistas no mercado e corretores da bolsa de valores, a compra e o ganho das ações da Eletrobras só não foram maiores devido ao fato de a empresa não liberar grandes lotes normalmente. Mas mesmo com o que estava disponível, houve uma movimentação maior do que a habitual antes do anúncio da privatização.
A pergunta que se faz é se alguém ganhou dinheiro com a sorte de ter comprado ações da Eletrobras pouco antes do anúncio da desestatização, feito no início da noite de segunda-feira (21), ou mesmo após a alta das ações. Os grandes compradores nos dias que antecederam à divulgação da privatização nas ações de ELET ON (ações ordinárias) foram Liquidez, Bradesco e Safra. E nas de ELET PNB (ações preferenciais) foram Morgan Stanley, BTG Pactual e Citi.
A compra de ações da Eletrobras cresceu na quinta-feira (17) e na sexta-feira (18) da semana passada, se comparada aos três primeiros dias daquela semana.
Veja como ficou a movimentação no quadro abaixo:
DIA ELET3 (ON) ELET6 (PNB)
14/8 1.366.500 854.800
15/8 1.535.600 850.000
16/8 1.569.000 1.380.600
17/8 2.820.200 1.633.600
18/8 3.749.300 1.254.700
Acionista individual
Além dos citados acima, que compraram ações na semana anterior ao anúncio, há também quem já tivesse ações da empresa e ganhou muito dinheiro. É o caso do dono do banco Clássico, José João Abdalla, conhecido como Juca Abdalla, de 71 anos. Ele é o maior acionista individual da Eletrobras, com 12,53% das ações ordinárias. Especula-se que tenha tido lucro de cerca de R$ 1 bilhão com alta das ações da estatal.
O proprietário do Clássico é um frequentador do Country Club do Rio de Janeiro. Em 1989, entrou em uma disputa judicial envolvendo um terreno de 717 mil metros quadrados desapropriado pelo governo de São Paulo. Ganhou a causa e embolsou quase R$ 1,7 bilhão. Juca Abdalla é filho do empresário que adquiriu o grupo de cimento Portland, nos anos de 1050.
CVM atenta
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informou que “acompanha e analisa as informações e movimentações envolvendo companhias abertas e o mercado bursátil, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário”. Sobre quem ganhou dinheiro com alta das ações, a autarquia disse que “não comenta casos específicos, inclusive para não afetar trabalhos de análise ou apuração que entenda cabíveis”.
Alta de preços
Outra alta que assusta a todos com a privatização da Eletrobras é a do preço da energia elétrica ao consumidor comum (residencial). De acordo com Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a venda da empresa pode sim gerar um aumento de até 16,7% nos preços da tarifa de energia. Segundo dirigentes da agência, a venda a valores de mercado da energia gerada por 14 hidrelétricas antigas da Eletrobras, que operam com preços fixos e mais baixos, pode ser a responsável pelo aumento de preços.
Essa forma é o que o mercado chama de “descotização”, que é um aporte de capital via emissão primária de ações sem que a União acompanhe; com isso, a participação da União seria diluída.
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