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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Lava Jato pesou na decisão de Serra em deixar ministério. Serra não cumpre mandato desde 1995



O ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), entregou ao  Michel Temer, nesta noite de quarta-feira, 22, pedido de demissão, alegando problemas de saúde, que seriam do conhecimento do presidente e que o impediriam de manter o ritmo de viagens internacionais exigido pelo cargo e até mesmo de cumprir as agendas do dia a dia.

Na carta, Serra diz que, segundo os médicos, o tempo de restabelecimento adequado é de quatro meses. O ex-ministro, que é do PSDB, informou ainda que retorna ao Congresso, onde afirma que honrará seu mandato de senador "trabalhando pela aprovação de projetos que visem a recuperação da economia, desenvolvimento social e a consolidação democrática do Brasil".

A acusação de que recebeu R$ 23 milhões da Odebrecht no exterior era considerada grave por aliados, não menos porque ele ocupava um posto de destaque na gestão Temer. Se viesse a ser denunciado, teria de licenciar-se do cargo, embora a usual demora dos trâmites da Procuradoria-Geral da República praticamente assegura que isso não aconteceria até o fim de 2018.


Serra entregou a carta pessoalmente a Temer, no Palácio do Planalto, na noite desta quarta-feira. O ministro disse que solicitava sua exoneração do cargo de Ministro das Relações Exteriores, "com tristeza". O ex-ministro, na carta, disse ainda que foi "motivo de orgulho" integrar a equipe de Temer.

O Temer tentou demover José Serra de pedir demissão do Ministério das Relações Exteriores. Disse que não tinha sentido ele deixar o cargo.

A cúpula do PSDB soube pela imprensa do pedido de demissão de Serra. Além de problemas na saúde, também teria pesado a iminência da divulgação das delações da Odebrecht. Serra é citado como tendo recebido propina. Como ministro, ele ficaria muito em evidência.


O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) não cumpre um mandato integral há 17 anos.  Depois de deixar a cadeira da Câmara dos Deputados, em 1995, coleciona uma sequência de descumprimentos ao cargo eletivo assumido. Foram outras duas interrupções consecutivas antes do término: Serra saiu da prefeitura paulistana, em 2006, após ficar apenas um ano e três meses no Executivo para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes e abandonou, em 2010, para se candidatar à Presidência.

O tucano ocupou os cargos de ministro do Planejamento de 1995 a 1996 e ministro da Saúde de 1998 a 2002. No mesmo ano, ele foi candidato à Presidência, sendo derrotado por Lula. Para não perder o poderio eleitoral, entrou na disputa pela Capital na eleição de 2004, venceu, mas afastou-se em 2006. Deixou nas mãos do vice Gilberto Kassab, hoje no PSD, mesmo tendo assinado uma carta, ainda durante a campanha, comprometendo-se a permanecer no posto até o fim do mandato.

Como governador ficou de janeiro de 2007 a abril de 2010, quando renunciou o cargo - deixado nas mãos de Alberto Goldman - para se candidatar pela segunda vez à Presidência. Serra já exerceu também os mandatos de deputado constituinte de 1987 a 1991, deputado federal de 1991 a 1995. Demonstrando-se ávido pelo majoritário, em 1988, foi candidato pela primeira vez à prefeitura de São Paulo mas, em uma eleição ainda sem segundo turno, foi derrotado. Depois de oito anos, concorreu novamente ao cargo, amargando outro revés.

Garantiu  que iria completar os quatros anos do governo paulistano, caso seja eleito, assegurando que não disputará o pleito presidencial de 2014. "Vou cumprir o mandato de prefeito por quanto tempo o mandato durar, ou seja, até 2016." Indagado se daria para prometer se, nesta oportunidade, não deixaria o Executivo, Serra refutou repetir os precedentes do passado. "Exercerei os quatro anos, isso é mais que uma promessa."

Serra, no entanto, não descartou voltar a disputar à Presidência no futuro. Ele afirmou que um sonho pode "permanecer adormecido" por muito tempo. "Estou no auge da minha energia", disse ele, evitando fazer conjecturas políticas se a corrida ao Palácio do Planalto se daria em 2018.

Ele sempre diz que tem o sonho de ser presidente. Não é nenhum garoto (completa 70 anos dia 19). Essa chance pode ser a última ao cargo.



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