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domingo, 8 de janeiro de 2017

Réu no STF, deputado defende ex-secretário que apoiou chacina em presídios



O deputado Newton Cardoso Junior (PMDB-MG) defendeu as declarações do secretário nacional da Juventude, Bruno Júlio, que deixou o cargo ontem após dizer que era necessário que houvesse “uma chacina por semana” nos presídios brasileiros. Filho do ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso (PMDB), Newtinho, como é conhecido, elogiou Bruno, indicado pelo PMDB mineiro à secretaria: “Teve a coragem de expressar a opinião e a indignação da maioria dos cidadãos brasileiros sobre o massacre cometido por facções criminosas nas penitenciárias dos estados do Amazonas e Roraima”.

De acordo com o parlamentar, Bruno chamou a atenção para o fato de que “a violência mata, a cada dia, policiais e pessoas de bem”. “Concordamos quando ele diz que ‘o que está havendo é uma valorização muito grande da morte de condenados, bem maior do que quando um bandido mata um pai de família que está saindo ou voltando do trabalho”, escreveu. “Bruno Júlio, estamos com você”, emendou.

Newtinho é réu em dois processos no Supremo Tribunal Federal por crimes contra o meio ambiente, a ordem tributária e falsidade ideológica. Ainda é alvo de outro inquérito por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. “O deputado informa que, em todas as ações mencionadas, já apresentou defesa e tem convicção de que será comprovada a sua conduta correta e dentro da lei”, respondeu a assessoria dele em outubro ao Congresso em Foco.

Cotado para Defesa

O nome do peemedebista chegou a ser indicado formalmente pela bancada do PMDB ao presidente Michel Temer para comandar o Ministério da Defesa. Mas o presidente optou por nomear o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Newtinho e seu pai foram citados no caso Panama Papers. Os dois usaram empresas offshores para comprar um helicóptero (no caso do filho) e um flat em Londres (no caso do ex-governador). A offshore Cyndar Management LLC foi aberta em 2007, no estado norte-americano de Nevada, quando ele ainda não tinha mandato.

Segundo o consórcio de jornalistas que teve acesso aos documentos, trocas de e-mails encontrados no acervo da companhia panamenha Mossack Fonseca mostram que o objetivo da abertura da empresa era comprar um helicóptero, no valor de US$ 1,9 milhão. Em 2013, a aeronave foi vendida por US$ 1 milhão a um deputado estadual de Minas Gerais. A propriedade de offshores não é ilegal, desde que declarada à Receita Federal. Os documentos foram obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo.

“Tinha de matar mais”

Bruno Júlio deixou o cargo após a repercussão negativa de suas declarações publicadas na coluna do Ilimar Franco, do jornal O Globo. “Eu sou meio coxinha sobre isso. Sou filho de polícia, né? Tinha era de matar mais. Tinha de fazer uma chacina por semana”, declarou. “Os santinhos que estavam lá dentro que estupraram, mataram [chamam de] ‘coitadinho’, ‘ai, meu Deus, eles não fizeram nada’, ‘foram [mortos] injustamente’… Para, gente!”, continuou o secretário. “Esse politicamente correto que está virando o Brasil está ficando muito chato.”

Segundo ele, está “havendo uma valorização muito grande da morte de condenados, muito maior do que quando um bandido mata um pai de família que está saindo ou voltando do trabalho”. Só esta semana, 91 presidiários foram mortos em confronto entre facções rivais nos estados do Amazonas e Roraima. Filho do ex-deputado federal e atual deputado estadual Cabo Júlio (PMDB), condenado em segunda instância no caso da máfia das ambulâncias, Bruno Júlio é alvo de acusações de violência contra a mulher e assédio sexual.

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