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domingo, 6 de novembro de 2016

Lava Jato: Empreiteiras terão que dar novas explicações em delações


Apelidada nos bastidores da política, do empresariado e da força-tarefa da Lava Jato de "delação do fim do mundo", a delação premiada que envolve executivos da Odebrecht está mudando a perspectiva de procuradores da força-tarefa a respeito dos casos de corrupção envolvendo o mundo político e as empreiteiras.

Agora, os procuradores da operação querem que representantes da Andrade Gutierrez e da Camargo Corrêa voltem a prestar novos depoimentos ao Ministério Público Federal. De acordo com a coluna de Lauro Jardim deste domingo (6), a quantidade de informações fornecidas pela Odebrecht sobre casos de corrupção em que as duas empresas são protagonistas está fazendo com que os procuradores chamem os executivos daquelas empresas para darem mais explicações sobre casos tido até então como periféricos.

No acordo de delação premiada da Odebrecht deve constar, ainda de acordo com a coluna, um item que já faz parte do acordo da Andrade Gutierrez: por um período de dez anos, prazo em que terá para pagar a bilionária multa aplicada pelo Ministério Público Federal, os acionistas da empreiteira não poderão retirar dividendos, a não ser que antecipem o pagamento dos valores devidos.

Recentemente, a revista Veja informou que o acordo do MPF com a Odebrecht pode envolver depoimentos de mais de 70 executivos da empreiteira, além do ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht. Os últimos detalhes do acordo foram definidos há quase um mês, em uma reunião na qual foram apresentados 300 anexos com os resumos que cada delator se propõe a revelar à Justiça. “Haverá uma turbulência grande. Espero que o Brasil sobreviva”, afirmou o juiz da Lava Jato, Sergio Moro, sobre o conteúdo das delações.

De acordo com a revista, um dos advogados que participaram das negociações revelou que “o conteúdo desses anexos é avassalador. Se os executivos comprovarem o que dizem, a política será definida como a.O. e d.O - antes e depois da Odebrecht. A delação vem ganhando o apelido de “delação do fim do mundo”, nos bastidores da Lava Jato.

Nos escalões mais altos da política do país, são esperadas novas informações sobre o envolvimento do presidente Michel Temer com casos de corrupção. Temer teria participado de uma reunião com Marcelo Odebrecht na qual teria pedido uma doação de R$ 10 milhões para o PMDB. Além disso, José Serra e outros políticos de peso do PSDB, como Aécio Neves e Geraldo Alckmin, também podem aparecer nas delações.

Segundo a revista, Serra teria recebido R$ 23 milhões para sua campanha à presidência em 2010, com o dinheiro vindo diretamente das contas da empreiteira na Suíça. Alckmin teria recebido doações de campanha como contrapartida à participação da empreiteira nas obras do Rodoanel, em São Paulo. Ainda de acordo com a revista, “os detalhes das menções a Aécio são ainda mais vagos”. O tucano também teria recebido propinas da Odebrecht.

A lista de pessoas que podem aparecer nas novas delações podem causar um estrago “quase ilimitado”, de acordo com a Veja. Nomes como o senador Romero Jucá e o prefeito do Rio Eduardo Paes, além do ministro Geddel Vieira Lima e o ex-governador Sérgio Cabral, também do Rio de Janeiro, podem surgir novamente nas novas delações.

A revista também considerou a possibilidade de queda do presidente da República Michel Temer devido às consequências da operação Lava Jato. Se Temer fosse retirado do governo ainda em 2017, o novo presidente seria escolhido em votação indireta no Congresso, com os votos dos 81 senadores e dos 513 deputados. A Folha de S. Paulo apurou que alguns dos nomes cogitados são o do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC tem vantagem, pois Jobim foi consultor da Odebrecht no começo da Lava Jato.

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