Pages

sábado, 5 de dezembro de 2015

Abertura de impeachment aumenta chance de Dilma ficar, diz 'Economist'



O início do processo de impeachment na Câmara dos Deputados pode, ironicamente, aumentar as chances de sobrevivência política da presidente até 2018, avalia a revista britânica The Economist.

Com dois textos dedicados ao novo capítulo da crise política brasileira, a edição da revista que chegou às bancas nesta sexta-feira criticou o acolhimento do pedido de impeachment pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

"A ação de Cunha é falha e ameaça apenas afundar o Brasil ainda mais na lama", afirmou a publicação, em referência a reportagem de fevereiro em que citava o "lamaçal" econômico e político no país.

A revista conclui que o "tempo trabalha a favor" da presidente Dilma, já que o gesto de Cunha "parece um ato de vingança" diante do cerco que o deputado enfrenta na Operação Lava Jato.
O deputado está entre os cerca de 40 políticos com foro privilegiado investigados por suspeita de participação no escândalo de corrupção na Petrobras. 

O Ministério Público Federal descobriu contas não declaradas do peemedebista na Suíça, que teriam sido abastecidas com dinheiro desviado da estatal. Cunha nega corrupção e diz que não tinha controle sobre as contas, que seriam apenas usadas para planejamento sucessório e educação dos filhos.
"Cunha pode ser facilmente visto como agindo em interesse próprio do que um homem de Estado, colocando uma interrogação sobre toda a confusão.

 O PT tende a cerrar fileiras em apoio à presidente, e Dilma sem dúvida será mais firme do que nunca em não renunciar, como alguns na oposição esperavam", diz o texto 

Cenários possíveis

Na avaliação da Economist, a oposição não tem hoje os 342 votos (entre 512) necessários na Câmara para derrubar Dilma, mas o quadro pode mudar se surgirem provas contra a presidente na investigação da Petrobras.

Sobre os motivos citados por Cunha para acolher o pedido - sobretudo a abertura por Dilma, em 2015, de créditos suplementares em desacordo com a Lei Orçamentária -, a revista diz que a presidente "não seria a primeira a "mudar" contas públicas". O jornal diz ainda que a uma classe política  age em causa própria e sem intenção de enfrentar nenhum desses problemas - o país agora foi servido com uma crise constitucional", diz a publicação.

A  Economist diz que, a presidente não é acusada de enriquecimento ilícito e mantém o apoio de seu partido. "E talvez o mais importante: há pouca evidência de que a oposição queira assumir a bagunça das mãos de Dilma. Preferiria vê-la sofrer e obter uma vitória fácil na próxima eleição em 2018."
"Infelizmente, o furor irá deslocar a atenção já dispersa dos políticos brasileiros das soluções para os muitos problemas do país, a começar pelo déficit crescente no Orçamento. A História poderá julgar esse como o maior pecado de Cunha."

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração