Só que há algo de muito errado em um partido que tem 54 deputados na Câmara e nenhum é negro. Tem 11 senadores e nenhum é negro. Tem 6 governadores e nenhum é negro.
Isso não acontece por mera coincidência em um país cuja metade da população é negra (53% se autodeclaram em 2013 ao IBGE pardos e pretos, conceito que forma a população negra do país).
O fato fala por si: o PSDB pode não ter a intenção de ser racista, mas quer queira, quer não, ESTÁ racista com a atual representação que tem no Congresso.
Falta vontade política, empenho e identidade dos tucanos com a causa da igualdade racial para eleger lideranças negras.
É óbvio que esta causa está relegada a segundo plano no partido. Não há mobilização de verdade, não há lideranças negras valorizadas dentro do partido o suficiente para terem chance de se elegerem.
Ao não ter sequer um parlamentar negro entre os 65 deputados e senadores do partidos, a bancada tucana não dá atenção devida para a agenda legislativa das causas da igualdade racial. Trabalhadores pobres e pretos mortos nas periferias por engano ou erro ficam "invisíveis" para o tucanato. Jovens negros vulneráveis, então, nem se fala. É assunto até evitado para não constranger governadores como Geraldo Alckmin (PSDB-SP), às voltas com casos de chacina.
Se dependesse dos tucanos, comunidades quilombolas que vivem em seus terrenos desde a escravidão não teriam até hoje o direito da posse da terra reconhecido.
O governo tucano paulista passou anos dizendo não a cotas raciais na USP. Depois de muita pressão, só em 2016, a Universidade de São Paulo irá oferecer 225 vagas para pretos, pardos e indígenas. São poucas vagas diante do total e serão oferecidas apenas em alguns poucos cursos.
É verdade que o PSDB não é o único partido em que a população negra é subrepresentada, apesar de ser um dos poucos partidos grandes onde os negros são ZERO. O perfil da maioria dos parlamentares no Congresso Nacional é de brancos, homens e ricos.
Em 2014 foram eleitos para a Câmara 106 candidatos que se auto-declararam negros (soma de pretos+pardos), representando 20,7% do total: os brancos foram 407 (79,3%), segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc.
O partido político que elegeu mais negros foi o PT (18 Deputados), seguido do PSB (10) e PRB (10). Em 2014, os 5 senadores negros eleitos pertencem aos partidos PT, PSB, PP, PDT e DEM.
Em parte esse quadro se deve ao eleitor não dar importância na hora de escolher o voto nos cargos legislativos, a ponto de não lembrar em quem votou e votar em quem não conhece, às vezes a pedido de um parente ou amigo.
Mas outra parte tem relação com o financiamento de campanha. Os candidatos brancos tiveram mais dinheiro em suas campanhas do que os negros, e as campanhas mais caras tem feito a diferença combinadas com a pregação anti-política da mídia golpista para enfraquecer o voto consciente, chamado voto de opinião.
O eleitor que desiste da política como ferramenta de transformação e acha que "é tudo ladrão", acaba votando em qualquer um, e aí as oligarquias políticas e o poder econômico fazem a festa para elegerem seus candidatos mais facilmente, inclusive os piores corruptos que chegam até a comprar votos.
O geógrafo Sergio Henrique de Oliveira Teixeira, da Unicamp, afirma que a diferença na arrecadação indica que as principais financiadoras de campanha não têm interesse nas questões propostas pelo movimento negro. Os mesmo acontece com as mulheres.
Até nisso o PSDB não ajuda a reduzir a desigualdade racial, porque insiste em defender o financiamento empresarial.
2 Comentários:
É só olhar com olhos do racismo importado que querem trazer dos EUA, que eu vejo um montão de negros, aliás a maioria é alí é afro descendente.
Dissimulados não interessam á causa do negro e do índio no Brasil...não uso a palavra pardo, pois os pardos são negros também e como tal são tratados em termos de discriminação; vejam o que acontece no futebol...a grande maioria dos jogadores são negras e os técnicos ou comentaristas são na sua maioria esmagadoras de tez clara...
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