Pages

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Em acareação de dez horas, ex-diretor da Petrobras diz que nunca esteve com Palocci



Paulo Roberto Costa, segundo seu advogado, desafiou Fernando Baiano, lobista do PMDB, e negou encontro em Brasília com ex-ministro e coordenador da campanha de Dilma Rousseff em 2010

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa desmentiu o lobista do PMDB Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, em acareação na Polícia Federal em Curitiba, quinta-feira, 5. Costa afirmou, frente a frente com Baiano, que nunca esteve com ele no comitê de campanha presidencial da presidente Dilma Rousseff, em 2010, em Brasília, e que não se encontrou com o ex-ministro Antonio Palocci (Governos Lula e Dilma) – coordenador-geral da campanha da petista – para acertar repasse de R$ 2 milhões.

As informações foram divulgadas pelo advogado João Mestieri, que defende Paulo Roberto Costa.
A acareação se prolongou por cerca de 10 horas. A PF pediu o encontro entre Baiano e Costa – ambos delatores da Operação Lava Jato – para esclarecer ‘pontos divergentes’ de seus relatos.

Baiano e Costa são personagens centrais do esquema de corrupção e propinas

Em sua delação, o ex-diretor da estatal disse que, em 2010, o doleiro Alberto Youssef o procurou e pediu que arrumasse R$ 2 milhões para a campanha de Dilma. O próprio Youssef negou que tenha solicitado o dinheiro a Costa para aquele fim.

Baiano, por seu lado, também em delação, afirmou que naquele ano foi ao comitê de campanha de Dilma, em Brasília, para acertar o repasse. Ele disse que Paulo Roberto Costa o acompanhou.

Segundo João Mestieri, em certo momento da acareação, Paulo Roberto Costa afirmou. “Nunca estive com você (Baiano) em Brasília. Além do que você (Baiano) é um lobista conhecidíssmo. Eu não iria nunca com você a Brasília falar com o ministro no mesmo carro. Eu não sou débil mental.”
“A história dele (Baiano) foi desmontando, ele ficou meio acuado”, disse Mestieri.

Segundo o advogado do ex-diretor da Petrobras, o delegado da Polícia Federal que presidiu a acareação advertiu Fernando Baiano. “Eu vou dizer ao sr. o que já disse ao sr. Paulo Roberto Costa em outra oportunidade. Se houver discrepância a delação pode cair e o sr. vai cumprir a pena inteira.”
Em troca da delação, Baiano deverá ser solto no próximo dia 18.

O criminalista José Roberto Batochio, que defende Palocci, foi taxativo. “Estão querendo fazer uma delação de conciliação para tentar eliminar as insuperáveis e intransponíveis divergências. Mentiras ditas pelos três envolvidos (Fernando Baiano, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef), um desmentindo o outro. Inventam mil mentiras, mas a verdade teima em aparecer. É um escândalo de invencionices com a finalidade de escapar da cadeia. Uma coisa absolutamente inidônea, claramente inverossímel com a qual não se compadece a seriedade da Justiça.”

Batochio reafirma que “Palocci jamais se reuniu com esse Fernando Baiano, não o conhece, nunca o viu na vida, em lugar algum”.

“É preciso que a Justiça cancele os benefícios aos mentirosos e deve faze-lo de ofício, sem ter que esperar ser provocada.A Justiça tem compromisso com a verdade e não com escambos, com trocas que escapam da moralidade.”

Batochio disse ter sido informado que, na acareação, Fernando Baiano confundiu-se até na hora de informar onde ficou hospedado em Brasília e quem fez a reserva para ele.Estadão Conteúdo

1 Comentários:

Ricardo disse...

"...Em troca da delação, Baiano deverá ser solto no próximo dia 18".

Mas, se o delator mente, não deveria ser cancelado o benefício da delação premiada?

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração