Pages

sábado, 17 de outubro de 2015

E-mail de Cunha para tratar propina era ‘sacocheio@’


O nome é Eduardo Cunha, mas para tratar de propina por e-mail o endereço é "sacocheio@". O uso da inusitada expressão como endereço eletrônico pelo presidente da Câmara foi revelado aos investigadores da Lava-Jato pelo lobista Fernando Baiano em um de seus depoimentos no âmbito da delação premiada. Foi por esse e-mail que Cunha lhe encaminhou uma planilha na qual fazia a contabilidade da propina devida por Julio Camargo.

"Que questionado qual e-mail Eduardo Cunha utilizou, o depoente afirma que chamava a atenção que o endereço de e-mail consistia na expressão "sacocheio@", sendo algum provedor que não se recorda com certeza qual era: que acredita que fosse sacocheio@hotmail.com, sacocheio@yahoo.com.br ou sacocheio@yahoo.br", registra trecho do depoimento do delator.

Além do e-mail que não tinha seu nome, o presidente da Câmara e o lobista passaram a utilizar em 2012 um aplicativo que é tido como mais seguro por permitir que se apague as mensagens tanto do aparelho quanto do servidor, sem deixar qualquer rastro. De acordo com o lobista, eles passaram a usar o aplicativo Wickr justamente pela existência desse recurso. Antes, eles se falavam pelo sistema de mensagens da Blackberry, o BBM Messenger, no qual o nick de Cunha era apenas EC.

Carros de luxo em nome de Jesus.com
 Cunha e a mulher têm 9 veículos, entre eles um Porsche de R$ 429 mil registrado pela empresa do casal; propina foi paga com "horas de voo" em jatinho
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e sua mulher, Cláudia Cruz, possuem uma frota de nove veículos, no valor total de mais de R$ 1 milhão, de acordo com dados coletados pela Procuradoria-Geral da República no sistema de informações de segurança, o Infoseg. Na declaração de bens à Justiça Eleitoral, Cunha listou apenas um Corolla, ano 2007, avaliado em R$ 60 mil. Os demais carros estão em nome da mulher e de empresas do casal, a Jesus.com e a C 3 Produções.

Cláudia Cruz é proprietária de um Porsche Cayenne S, ano 2006, avaliado em R$ 122,6 mil. Sete veículos estão declarados em nomes de empresas do casal. A Je-sus.com, que administra páginas na internet, aparece como dona de um Porsche Cayenne S, ano 2013, avaliado em R$ 429,4 mil. Estão registrados no nome da empresa um Ford Edge e um Ford Fusion, avaliados em R$ 120 mil e R$ 92,6 mil. Outra empresa do casal, a C3 Produções, tem quatro carros: um Pajero Sport Flex, um Hyunday Tucson, um Land Rover I/LR Freelander e um BMW 3251. Somados, os carros da C3 Participações valem R$ 175,5 mil.

Não é a primeira vez que aparecem carros de luxo com políticos investigados da Lava-Jato. O ex-presidente Fernando Collor também tem uma frota de veículos que é alvo de investigação pela Polícia Federal. A PF levantou suspeita de que houve lavagem de dinheiro. Entre os carros de Collor há uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini.

O pedido de inquérito apresentado pelo  Ministério Público Federal mostra que Eduardo Cunha tem apreço também por deslocamentos aéreos. Ele aceitou receber parte da propina paga pelo lobista Júlio Camargo por meio de voos fretados. Camargo, um dos delatores do esquema, disse aos procuradores ter acertado em 2014 o pagamento de R$ 300 mil a Cunha com voos em jatinhos, mas que acabou pagando apenas R$ 122,2 mil desta forma, porque seu nome foi envolvido na Operação Lava-Jato.

Cunha consta como passageiro em dois dos três deslocamentos pagos por Camargo. No dia 3 de setembro de 2014 há o relato de fretamento de uma aeronave, prefixo PR-JET, que saiu do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, às 15h30m rumo a Brasília, seguiu depois para Jacarepaguá (RJ) e retornou posteriormente para São Paulo. Os passageiros foram Eduardo Cunha e o do-leiro Lúcio Bolonha Funaro, amigo do presidente da Câmara e que fez delação premiada na época do mensalão, confessando ter realizado operações de lavagem de dinheiro.

Em outro fretamento no qual Cunha aparece como passageiro, ele tem como seu acompanhante na viagem Altair Alves Pinto, assessor parlamentar da Assembléia Legislativa do Rio que é descrito por Fernando Soares, o Fernando Baiano, como quem recebia dinheiro em es- pécie em nome de Cunha.

A mesma aeronave PR-JET deslocou-se no dia 8 de setembro de 2014 de Congonhas para o aeroporto do Galeão, no Rio. No dia seguinte, fez o trecho Rio-Brasília e somente no dia 11 de setembro de 2014 retomou a Congonhas.

O terceiro pagamento feito por Camargo refere-se a um voo no qual Cunha não aparece como passageiro, e sim Funaro e Raquel Pitta. No dia 29 de agosto de 2014, o voo foi de Congonhas a Salvador, depois da capital baiana a São João da Boa Vista (SP), passando depois por Campinas (SP) antes de retornar a Congonhas. Camargo apresentou provas dos pagamentos.

Um suposto deslocamento de helicóptero de Cunha também levantou suspeitas. A PGR relata que e-mail de uma secretária do ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Zelada indicaria uma reunião dele com Cunha no período em que ocorriam as tratativas do negócio no Benin, fonte primária dos recursos que vão parar nas contas da Suíça.

O e-mail pede autorização para que Cunha e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), entrarem pela garagem e seguirem até o heli-porto, onde embarcariam em um helicóptero, de prefixo PR-YMH na manhã de 12 de setembro de 2010. Mas não há referência à reunião.

A ATM Táxi Aéreo afirma que o helicóptero realizou neste dia apenas um voo particular para um dos sócios, e que nem Cunha nem Paes aparecem nos registros como tendo participado de voo na data mencionada.

A assessoria de Paes confirmou que no dia 12 de setembro de 2010 a agenda registra que o prefeito participou de eventos de campanha de Cunha na Zona Oeste do Rio. Os eventos foram às llh e 12h daquele dia. Segundo a assessoria, Paes foi de carro e se encontrou com Cunha no local dos eventos. O prefeito afirmou que não andou de helicóptero com Cunha como narrado no e-mail. Disse que não se lembra se chegou a ser convidado por Cunha para ir à Zona Oeste de helicóptero.

- Tenho medo de andar de helicóptero. Quando me convidam, eu recuso, a não ser que seja de extrema necessidade - disse Paes. Informações de O Globo

2 Comentários:

DIta disse...

Se investigar direito pega mais um rato do pmdb

DIta disse...

Pães tem culpa no cartorio

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração