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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Presidente do TCU pediu vista em processo que interessava ao filho



Suspeita é que ministro Aroldo Cedraz tenha passado informações sigilosas à empreiteira UTC

Ricardo Pessoa, dono da UTC, afirmou em delação que pagou propina ao filho de Aroldo, Tiago Cedraz

Investigadores da Operação Lava Jato suspeitam que o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministro Aroldo Cedraz, repassou informações sobre um processo de interesse da UTC Engenharia, empresa que teria pago propina a seu filho, o advogado Tiago Cedraz.

Em novembro de 2012, quando ainda não havia assumido a presidência do tribunal, Aroldo pediu vista de um caso envolvendo supostas irregularidades na licitação de uma das unidades da usina de Angra 3. Passados 15 dias, ele devolveu o processo ao plenário e se declarou impedido de julgá-lo.

Embora não tenha participado do julgamento, Aroldo pôde analisar por duas semanas o parecer do relator, ministro Raimundo Carrero, favorável à continuidade do processo licitatório.O relator, como de praxe, havia liberado previamente seu voto aos outros ministros, de acordo com seu gabinete.

O procedimento de Aroldo é considerado pouco usual no TCU. Na maioria dos casos, ministros anunciam o impedimento assim que o processo entra na pauta, sem participar da tramitação.O processo em questão interessava diretamente à UTC, construtora líder do consórcio Una 3, um dos responsáveis pelas obras em Angra 3. A licitação discutida no TCU dizia respeito a um contrato de R$ 2 bilhões.


O dono da UTC, Ricardo Pessoa,contou ter desembolsado R$ 1 milhão para Tiago, filho de Aroldo, ajudar na liberação do processo licitatório de Angra 3, que estava sendo analisado pelo tribunal.

Procurado pela reportagem, Tiago afirmou por e-mail que foi "consultado" por Ricardo Pessoa para trabalhar neste caso, mas que "sua contratação não foi efetivada".Em junho, Pessoa ainda disse que, desde 2012, pagava R$ 50 mil por mês a Tiago para ter acesso a informações privilegiadas de processos do TCU.

SOLIDARIEDADE

Outro fato que chama a atenção dos integrantes da Lava Jato é a ligação de Tiago com o Solidariedade.

Ele é secretário de Assuntos Jurídicos do partido. Além disso, de acordo com Ricardo Pessoa, um dos pagamentos a Tiago foi feito por intermédio de Luciano Araújo, tesoureiro da legenda.

Segundo os investigadores, Tiago é quem dá as orientações jurídicas da sigla e, por isso, será alvo da apuração.Integrantes da Operação Lava Jato têm indícios de que o advogado fazia lobby no TCU em favor de outras empresas, além da UTC.A suspeita é que, para não aparecer nos processos em que o pai atuava, ele prestava serviços a outros escritórios de advocacia, também vendendo informações sigilosas sobre processos.

Conexão no TCU

A UTC pagava por informações privilegiadas e acesso ao Tribunal de Contas da União

Além de pagar propina para obter contratos no governo federal, o empreiteiro Ricardo Pessoa mantinha uma rede de informantes em órgãos considerados estratégicos pela UTC. Um deles era o Tribunal de Contas da União (TCU). Na corte, que tem por atribuição fiscalizar o andamento das obras, identificar sinais de superfaturamento e punir eventuais desvios, o contato do empreiteiro era Tiago Cedraz, um jovem advogado de Brasília cujo escritório virou grife entre as bancas da capital por causa do sobrenome que carrega. Tiago é filho do atual presidente do TCU, Aroldo Cedraz. Segundo Pessoa, o advogado tinha acesso privilegiado a informações valiosas de interesse da UTC. O empreiteiro contou aos procuradores que, desde junho de 2012, o jovem Cedraz atuava como uma espécie de espião da UTC no TCU. Sem nenhum contrato ou registro em notas fiscais, Pessoa diz que pagava mensalmente a Tiago 50 000 reais em dinheiro vivo para obter o que ele chama de "informações de inteligência". O objetivo do empreiteiro era antecipar-se às ações de fiscalização dos auditores do TCU e, assim, evitar problemas.

O advogado também alertava o empreiteiro quando um processo de interesse da UTC estava prestes a ser julgado pelos ministros — e atuava para solucionar a pendenga. Segundo Pessoa, Tiago dizia que tinha acesso irrestrito ao tribunal, inclusive na área técnica. "Tiago não chegava a antecipar o resultado do julgamento, mas, diante da notícia de um possível resultado negativo, avisava "tem de tirar de pauta, se não vai dar problema" ", contou o empreiteiro. Ao ser perguntado sobre o porquê de ter feito os pagamentos, confessou, sem meias palavras: "contratar um tráfico de influência no TCU". Além dos pagamentos mensais, Tiago Cedraz era remunerado quando havia uma questão mais grave a ser solucionada. Para fazer lobby em defesa da UTC num processo sobre a construção da usina nuclear de Angra 3, recebeu um extra de 1 milhão de reais, segundo Ricardo Pessoa. O pagamento foi feito em espécie, em 23 de janeiro do ano passado. Uma parte do valor foi entregue em Brasília e a outra, retirada na sede da UTC. Os repasses a ele constam numa planilha intitulada "Tiago BSB", com 25 pagamentos feitos ao filho do ministro do TCU. Pessoa contou que, por vezes, o tesoureiro do partido Solidariedade, Luciano Araújo, retirava valores em nome de Tiago Cedraz.

2 Comentários:

Luiz disse...

O TCU, PF, MPF, STF, viraram uma enorme VERGONHA e GOLPISTAS para o país.... HIPÓCRITAS !!!!!

Unknown disse...

São pessoas deste tipo que querem impichar Dilma, sob os aplausos dos imbecis analfapoliticos.

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