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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Manifestações dão sinais de terem chegado a um limite, diz analista da FGV



Manifestações "Fora Dilma" em viés de baixa

Nem mesmo a convocação feita pela TV Globo desde as 8h conseguiu levar para as manifestações deste domingo um número de pessoas menor à realizada em abril, que já havia sido inferior à de março. Com uma única bandeira - o pedido de impeachment da presidente Dilma  - os comandos das manifestações viram o movimento minguar.  Curitiba e São Paulo foram as capitais que conseguiram reunir um número expressivo de pessoas protestando contra o governo e a corrupção. Um grande grupo de motociclistas participou do ato paulista, mas não se via motoboys; o veículo de menor valor deveria custar uns R$ 40 mil.

Em Minas Gerais, o candidato derrotado à Presidência da República Aécio Neves discursou para uma das menores plateias que Belo Horizonte já viu desde que começaram os atos convocados pelos conservadores contra o governo. No Rio de Janeiro, menos de 15 mil pessoas desfilaram pela orla de Copacabana. As faixas misturavam impeachment, apoio ao juiz Sergio Moro e pedidos de intervenção militar.

Em março, a estimativa mais otimistas dos organizadores dos atos indicava que 2 milhões de pessoas participaram dos atos. Neste domingo, mesmo jornais favoráveis à manifestação contra o governo do PT calculam em 440 mil o número de participantes.  A intensificação dos ataques diretos a Lula nos protestos do último domingo é, segundo analistas políticos, uma forma de tentar minar qualquer possibilidade de uma candidatura do ex-presidente em 2018.Carlos Melo, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), entende que Lula tem um nome maior que o do partido

Quem pensa o mesmo que eu é  o cientista político Francisco Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Francisco Fonseca deu uma  entrevista para o jornal O Estado de São Paulo, com a mesma opinião.

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As manifestações de rua deste domingo, 16, dão sinais claros de que esse tipo de protesto está chegando a um limite de potencial. A avaliação é do cientista político Francisco Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ele avalia que os três principais grupos Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre e Revoltados Online mostraram uma capacidade de envolver mais diretamente as classes média e média alta e não mostraram habilidade para desenvolver uma pauta propositiva, o que leva a limitações "endógenas" dessas passeatas.


"As manifestações até agora foram só o 'não', 'não quero a presidente', 'não quero o PT', mas qual é o projeto? Esse não veio, o que mostra uma completa contradição do que esses grupos expressam em termos de renovação política", avalia Fonseca. O professor vê como positivo o enfraquecimento desses grupos dada essa falta de proposição política para o País, com expressões de ódio e, no limite, abrindo espaço para pedidos de retorno da ditadura. "É o usar da democracia para acabar com a democracia. O descontentamento com um governo não precisa ser assim. A proposta política não precisa ser feita com ódio, mas com proposição, com debate de ideias, não com o objetivo de desrespeitar e exterminar o outro."

Ainda que menores que o 15 de março e com resultado mais fraco que o esperado pela oposição e por setores da mídia, que segundo o professor ajudaram a dar destaque para as manifestações, elas tiveram sim expressão e ainda inspiram cuidados ao governo. "O arrefecimento dessas manifestações é um bom sinal pro governo e pra sociedade, mas o fato é que houve manifestações relevantes pelo País e isso é um fato político."

O professor avalia que o caminho do impeachment, no atual contexto e patrocinado pelos grupos que estão indo às ruas, seria muito ruim para o País. A seu ver, não seria possível no cenário de hoje haver o impedimento de Dilma sem haver um clima golpista que lembre o afastamento de Fernando Lugo no Paraguai. Fonseca acredita que um impeachment agora poderia até gerar um clima de guerra civil no Brasil.

Saída progressista

Francisco Fonseca acredita que o resultado abaixo do esperado pelos grupos que organizaram os protestos é mais fruto da baixa consistência desses grupos que de acertos do governo, mas vê algum impulso das estratégias recentes do Planalto. "A Dilma tem saído mais do gabinete, se reunido com movimentos sociais, como na marcha das Margaridas, lançado propostas como o Plano de Proteção do Emprego", lembrou.

Para o cientista político, o governo Dilma, se quiser de fato "sair das cordas", deve continuar pela saída progressista, que é a que tem impacto com seu eleitorado. "A saída de Dilma tem que ser pela agenda progressista, pela pauta dos movimentos que a apoiam e não pela restrição de direitos." O professor avalia que o Planalto deveria dobrar essa aposta e corrigir erros políticos, como aproveitar a reforma ministerial para afastar ministros "fracos". "Ministros como o José Eduardo Cardozo (Justiça) e o (Aloizio) Mercadante (Casa Civil) são fracos, não compatíveis com as funções políticas que eles têm de exercer."

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