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domingo, 9 de agosto de 2015

A madame coxinha: Sogra do Kaka, amiga dos tucanos e...da imprensa


Senhora militante

Executiva que organiza protestos midiáticos já fez faxina na Petrobras, pintou a rua da embaixada da Venezuela, levou pedido de impeachment a Eduardo Cunha –mas diz que às vezes tem vontade de gritar: 'Fica, Dilma'

Da colunista Monica Bergamo

Rosangela Lyra colocou uma bandeira do Brasil de ponta-cabeça na ampla varanda de seu apartamento, no Itaim Bibi, em São Paulo. "E só vou virar quando o PT sair e o Brasil for resgatado." Há algumas semanas, em uma passeata, ela clamava pela renúncia da presidente Dilma Rousseff. Nos momentos de maior entusiasmo, chegou a gritar num megafone: "1, 2, 3, Dilma no xadrez".

Mas os fatos no Brasil estão se desenvolvendo numa velocidade tão frenética que, alguns dias depois, Rosangela clamava no WhatsApp: "Eu tenho vontade de gritar: FICA DILMA!". Isso ocorre, diz, quando "vejo grande parte do PT querer a saída dela".

Rosangela está no meio do turbilhão tentando entender a confusão geral. Ela foi criada como várias garotas da elite paulistana. Estudou no Colégio Bandeirantes. Fez inglês, francês, piano, tênis, equitação, natação. Formada em administração pela Faap, seu primeiro emprego, nos anos 1980, foi com João Doria quando ele presidia a Paulistur. Chegou a frequentar o Palácio de Inverno, em Campos do Jordão. Conheceu Franco Montoro e Mário Covas.

Foi diretora da Dior no Brasil por 28 anos. Consolidou amizades e uma espécie de liderança entre mulheres de alta renda da cidade. Ficou ainda mais conhecida depois que a filha, Carol Celico, se casou com o jogador Kaká.

Aos 50 anos, "com muito orgulho, sem botox nem preenchimento, sem cabelo branco, com dois netos e de perna de fora", ela agora divide o tempo entre o cargo de presidente da Associação dos Lojistas dos Jardins, a organização de encontros no auditório da clínica de odontologia de Laércio Vasconcelos, seu marido (já organizou debates com os senadores Alvaro Dias, José Serra, Ronaldo Caiado e Aloysio Nunes Ferreira e tem agenda com Michel Temer) e manifestações.

Em 14 de julho, por exemplo, ela foi para a frente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de SP com o "Acorda, Brasil", grupo que integra. O empreiteiro Ricardo Pessoa daria depoimento. Megafone na mão, ela gritava: "Vamos contar tudo o que você sabe, Ricardo! Sem poupar os que se locupletaram. Viva a Lava Jato! Viva a PF! Viva o Ministério Público! Viva o TRE!".

O protesto não reuniu 30 pessoas, mas repercutiu em sites de notícia.
As amigas de protestos contra Dilma
 Na tarde do mesmo dia, ela participava de um "adesivaço" no largo da Batata, seguido de passeata até a avenida Paulista. Uma repórter da TV Globo quer detalhes: "Onde vocês vão se concentrar?". No Tribunal de Contas da União, diz Rosangela.

"Vamos lá, gente! Isso aqui é uma 'pocket action'. Não importa que sejamos poucos. Nossas ações vão reverberar na mídia!", entusiasma-se Rosangela ao megafone, estimulando os manifestantes. Eles começam a caminhar na av. Faria Lima em direção à Paulista. Alternam slogans: "Queremos a cabeça do chefe!". "Lula cachaceiro, devolve meu dinheiro." "Dilma, vai pra Cuba." "Ô, o PT roubou, o PT roubou ôôôô!" "Um dois, três, quatro, cinco, mil, queremos que o PT vá pra puta que o pariu."
As amigas: Mulher de banqueiro Setubal, dono do banco Itaú
 "O que eu chamo de 'pocket action' é como um 'pocket show': pequeno, mas de qualidade", explica Rosangela enquanto caminha. Os movimentos inventam as ações. "As redes sociais amplificam e a mídia quintuplica."

A primeira 'pocket action', em dezembro de 2014, tinha "quinze gatos pingados", lembra ela. "Passamos escovão na calçada da Petrobras. Foi uma super-repercussão em 300 reportagens. Até a CNN fez matéria." Entusiasmadas, diz, as pessoas passaram a se organizar em grupos de WhatsApp. Rosangela manda mensagens diárias a 2.200 contatos.

Ela elenca as 'pocket actions' que ajudou a organizar: vigília na Odebrecht; pintura de faixas verdes e amarelas em frente à embaixada da Venezuela; viagem para se encontrar com a marcha de SP a Brasília para entregar pedido de impeachment ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (ela foi de avião). Na ocasião, chegou a se encontrar pessoalmente também com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

A passeata rumo à Paulista chega à avenida Rebouças. Quatro batedores da PM param o trânsito, abrindo caminho. Cinco viaturas ficam na retaguarda. Tá tudo muito bom, tudo muito bem –até que surge uma senhora com o cartaz: "SOS Forças Armadas. Intervenção militar já!".

"Olha aquela louca da intervenção outra vez!", diz Rosangela à amiga Cristina Parisoto. "Oportunista!", grita Cristina. "Pega mal para vocês. Tem muita gente que é contra [o governo] mas não quer saber disso [militares]", comenta a jornalista da Globo. "Nós também não!", enfatiza Rosangela, que grita ao megafone: "Renúncia já, pela via da ordem!".

Um homem tenta arrancar o cartaz das mãos da mulher que pede a volta dos militares. "Covardes! Covardes! Eu vou lutar até a morte!", reage ela, aos berros. Um PM intervém: "Ela tem o direito de se manifestar". E completa: "O PT não quer deixar, mas ainda somos um país livre. Ainda". No cruzamento com a avenida Brasil, um motorista cansado ensaia xingamentos, desta vez contra a passeata: "Sai daí, seus coxinhas! Como é que 12 pessoas param todo o trânsito?".

Além de se manifestar "em apoio à Operação Lava Jato", ela foi à Câmara Municipal "como cidadã, falar, gritar" contra o projeto que prevê discussões sobre orientação sexual nas escolas, que chama de "ideologia de gênero". Muito religiosa, Rosangela diz que "a escola não tem que se meter, deixa a família cuidar da sexualidade".

Em outra ocasião, foi à Assembleia Legislativa para ver Eduardo Cunha, que participava de um evento. Chegou a dizer a ele: "Contamos com sua competência e o seu discernimento para fazer o melhor pelo país. E, quem sabe, entrar para a história".

Depois da revelação de que Cunha pode ter recebido propina de R$ 5 milhões na Lava Jato, o ibope dele caiu nos grupos de WhatsApp dos quais Rosangela faz parte. "Não sei se quero que a Dilma saia. Quando penso que tem um homem acusado de receber propina querendo tirar uma presidente sobre a qual não há nenhuma acusação de [receber] propina, me pergunto: que dinâmica é essa?", escreveu um manifestante. Ela não comentou.

Rosangela junta as mãos e diz que tem "muita pena pelo PT, juro. Eles não começaram a corrupção, mas se renderam a ela". Comenta a prisão de Marcelo Odebrecht: "Eu sei que você [Marcelo] não é o único, não é o precursor. Mas fazer o quê? Tinha que começar [o combate a desvios]. Começou por você".

Diz que ficou triste "com a reação das pessoas à prisão de José Dirceu. Devemos brigar enquanto os adversários estão de pé. Bater em cachorro morto e comemorar a derrota e a humilhação é atitude de gente covarde".

Há algumas semanas, ela estava preocupada, achando que a manifestação do próximo dia 16 poderia não vingar. "As pessoas achavam que, depois da passeata de 15 de março, a Dilma cairia em duas semanas. Ficaram decepcionadas." Nos últimos dias, no entanto, sente que o clima voltou a esquentar.

Mas está em dúvida e não deve mais defender a saída da presidente. "É melhor tirar ou consertar o governo? O meu recado é: Dilma, sai do PT (o PT já saiu de você). Sai do PT, faz um governo suprapartidário, de gestão de crise. E promete que nunca mais vai se candidatar."

6 Comentários:

taddeo disse...

Projeto anti coxinha:_____https://www.youtube.com/watch?v=AauVal4ODbE

S.Bernardelli disse...

Eu penso que ela não tem que prometer nada a senhora. A Dilma está fazendo das tripas a coração para colocar o Brasil pra frente e que como foi que a senhora
colaborou? Batendo panela e outras cosas mas... Se Dilma sair eu quero ver quem vai colocar em ordem o país sem vender o patrimônio brasileiro ... FHC, por exemplo,se a senhora vacilar ele será capaz de privatiza-la...O Cerra passa nos cobre a Petrobrás, Cunha ladrão. Temer já está de cabelo em pé pedindo SOS, Aécio é um vagal, quer ver o trabalho pelas costas e bater quem inventou o
trabalho . Governar um país não é o mesmo que fritar coxinhas, enfim... A Dilma não vai mais se candidatar, mas não porque a senhora não quer é porque não pode... Mas tudo bem,o que vale é que a madame acordou e se a senhora acordou mesmo, acordou em tempo.

Anônimo disse...

A burguesia tá sem rumo. Se a esquerda voltar achar o seu rumo, o Brasil vai voltar a avançar depois destes 7 meses de bagunça generalizada. A democracia estará garantida. Mas a esquerda que começa a retomar as ruas, como ocorreu no Abraço ao Instituto Lula e também no dia 6/08 em BSB, na Torre da TV, como em outros lugares, tem que aprofundar os movimentos e também retomar a discussão sobre seus rumos. Além da democracia, temos que retomar o Projeto Político que levou Lula e Dilma ao Planalto, que estancou nestes primeiros meses deste segundo Governo.

Unknown disse...

Meu Deus , não tem ninguém com uma camisa de força para essa coxinha encharcada de gordura? Essa dona é maluca , pergunte a ela se ela e o maridão ganharam mais dinheiro com FHC ou com o PT de Lula e Dilma? Caso de hospício.

José Mário disse...

Periguete de luxo, nunca produziu nada para o BRASIL. Vá tomar chá das cinco acompanhada dos seus coxinhas e deixa o nosso Brasil avançar.

Sonia disse...

Rosangela Lyra só para ganhar um minuto de fama, já que é só conhecida como a sogra do Kaka. Faça uma coisa útil para ocupar seu tempo e dinheiro, como adote uma creche, um asilo, uma escola, ou mesmos plante uma flor ou arvore no Parque do Ibirapuera.

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