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terça-feira, 28 de julho de 2015

SUS vai ofertar novos medicamentos contra hepatite C até dezembro



A possibilidade de trazer os medicamentos ao Brasil já havia sido aprovada pela Anvisa no início deste ano, mas ainda não havia previsão de data para inclusão dos remédios no SUS

Um novo tratamento que amplia as chances de cura de pacientes com hepatite C estará disponível no SUS até dezembro deste ano, de acordo com o Ministério da Saúde.

O Ministério da Saúde lançou nesta segunda-feira (27), duas campanhas para ampliar o diagnóstico de hepatites B e C no Brasil, doenças silenciosas que podem levar à cirrose hepática e ao câncer do fígado. A estimativa é de que 140 mil pessoas tenham o tipo B. O tipo C, por sua vez, causa aproximadamente 3 mil mortes ao ano. Associada com a campanha, o ministério anunciou a nova estratégia para tratamento de pacientes com hepatite C, que incorpora o uso de três drogas, mais eficientes e com menos efeitos colaterais para pacientes. "A mudança tem um impacto semelhante à incorporação do coquetel antiaids para pacientes com HIV", comparou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Os medicamentos (daclatasvir, sofosbuvir e simeprevir) deverão chegar no País este ano e serão suficientes para o tratamento de cerca de 15 mil pessoas. Em 2016, outros 15 mil doentes terão acesso ao remédio. A nova terapia, já adotada nos Estados Unidos e alguns países europeus, tem eficácia de cerca de 90%, um índice bem superior aos medicamentos usados até agora (entre 50% e 70%). A duração do tratamento também será menor: das 48 semanas atuais para 12 semanas.


Por ser mais eficaz e mais seguro, o novo modelo de tratamento poderá ser usado também por pacientes que até agora eram excluídos da terapia, por causa dos efeitos colaterais, os pacientes com HIV e com transplantados. Atualmente, cerca de 10% dos pacientes com Hepatite C também são portadores do vírus da aids. "Eles agora vão poder ser tratados."

O uso do medicamento será indicado tanto para pacientes novos e para aqueles que já passaram pela terapia convencional, mas sem sucesso. Aqueles que já estão em terapia, devem seguir com o uso do medicamento já receitado.

Para financiar a compra dos medicamentos, neste primeiro ano serão destinados R$ 500 milhões. A cifra, embora bem significativa, representa 2,5 menos do que é destinado para o tratamento atual. O valor também é bem menor do que o governo federal vem desembolsando para cumprir ordens judiciais que determinam o fornecimento das drogas para pacientes que recorreram à Justiça para garantir o fornecimento do remédio pelo SUS.

O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, afirma que atualmente são gastos US$ 250 mil com a compra desses remédios. Com a incorporação do medicamento ao SUS, o valor médio do tratamento será de US$ 9,6 mil. "O desconto obtido foi de 90%", comemorou Chioro. Ele acredita que a negociação abrirá caminho para que outros países tenham descontos semelhantes aos que foram obtidos pelo acordo brasileiro.

O tratamento para hepatite B também deverá ser alterado num futuro breve. Mesquita informou que, em setembro, será colocado em estudo a incorporação do tenofovir para pacientes com a doença. "A terapia será mais simples, com grandes ganhos para o paciente", avalia.

Devem fazer o teste para hepatite sobretudo pessoas com mais de 40 anos, consideradas pelo Ministério da Saúde as de maior risco de exposição para os dois vírus. O simples resultado positivo para hepatite C, no entanto, não significa que o paciente já deva iniciar imediatamente a terapia. Feito o teste, disponível em unidades básicas de saúde, pacientes devem ser encaminhados para uma avaliação do estágio da doença. Essa estratégia também mudou, com o protocolo lançado pelo governo. A partir de agora, em vez da biopsia, um teste invasivo e doloroso, pacientes são encaminhados para realização de outros testes, de sangue e de imagem.

"Eles vão identificar a fase da doença e se é de fato necessário o uso da associação de medicamentos, disse Mesquita. Ele avalia que a mudança vai permitir maior acesso à população ao tratamento. "A biópsia, além de invasiva, é um exame que exige maior complexidade da rede de saúde", disse. Ele acredita que, com o novo protocolo, a indicação do tratamento poderá ser feita em locais onde a estrutura de saúde é mais precária.

Anualmente, são confirmados em média 17 mil casos de hepatite B no Brasil. O vírus é transmitido por meio do sexo desprotegido, sangue contaminado, da gestante para o bebê. Há também casos de infecções durante procedimentos em hospitais. A doença, no entanto, pode ser prevenida com vacina, dada em três doses. Desde 2013, o imunizante é ofertado no SUS para população com até 49 anos. A hepatite C, por sua vez, passou a ser diagnosticada somente a partir de 1993, quando exames específicos passaram a ser ofertados.

A exposição ao vírus causadora da doença ocorre principalmente pelo uso de drogas injetáveis, por transfusões, hemodiálise, sexo desprotegido e compartilhamento de objetos de uso pessoal, como escovas de dente. Estima-se que 1,4 milhão a 1,7 milhão tenham tido contato com o vírus. "Muitos não sabem que estão infectados. Daí a importância para o teste", disse Mesquita.à hepatite B.

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