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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Lula debate o que colocar no lugar da "Guerra às Drogas".


Na última sexta (18), o presidente Lula reuniu-se no Instituto que leva seu nome com ativistas, profissionais da saúde e especialistas em políticas de drogas.

Paulo Vannuchi, diretor do Instituto Lula e mediador do encontro, afirmou que a importância do tema se justifica por sua ligação com a juventude brasileira e a necessidade de rever as atuais estratégias de combate às drogas. “Hoje estamos buscando o que colocar no lugar da Guerra às Drogas [política de combate ás substâncias ilegais capitaneada pelos Estados Unidos que aposta na repressão como método de ação principal] e não sabemos.

Lula iniciou o debate perguntando quais foram os avanços da questão das drogas nos últimos 12 anos e o que ainda pode melhorar. “Esse é um tema controverso; quero fazer uma conversa franca com vocês”, disse.

Leon Garcia, psiquiatra e diretor de Articulação da Secretaria Nacional sobre Drogas- SENAD-MJ, afirmou ser necessário sair “do discurso da violência”, no qual “os conservadores nadam de braçadas”. “A droga não atinge igualmente todo mundo; ela é um mecanismo para acentuar a desigualdade”, considerou Garcia. Citou o programa Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, como um modelo positivo por tratar o usuário “não como um objeto, mas como uma pessoa que é capaz de fazer escolhas”.

Na opinião da socióloga Julita Lemgruber, o Brasil teve sucesso no combate ao HIV e ao tabagismo, e deveria usar essas experiências para “cuidar da prevenção sem hipocrisia”. “A maior parte das pessoas que usa drogas lícitas e ilícitas”, afirmou, “não usam de forma abusiva”. Segundo Lemgruber, os mais atingidos pelas políticas opressivas da chamada “guerra às drogas” são os mais pobres. O historiador Eduardo Ribeiro concordou e acrescentou o problema racional ao argumento: “A política de drogas é o mecanismo mais racista e cruel já construída”. Existe também um problema de comunicação, considerou Ilona Szabó, fundadora e diretora executiva do Instituto Igarapé. “Temos ideias muito boas, mas não conseguimos chegar à população”, disse.

Ao final de mais de três horas de debate, Lula afirmou ter aprendido muito com as exposições dos convidados. As duas tarefas essenciais para lidar com a questão das drogas, ponderou, são “tratar corretamente os usuários” e “tratar corretamente a cabeça dos que não são usuários, que às vezes se comportam com preconceito e discriminação”. (Do Instituto Lula).

Comento:

Buscar uma alternativa a simplesmente combater o tráfico armado e ao encarceramento de pessoas sem envolvimento com violência é, provavelmente, uma medida muito mais eficiente para a própria segurança pública do que a redução da maioridade penal.

O Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, há anos enfrentando quadrilhas de traficantes armados sem conseguir erradicar, tem defendido a descriminalização das drogas e com urgência. Diz ele que "não pode passar deste governo". Ele dá como perdida a guerra às drogas e considera "irracional".

Ele conheceu a experiência de descriminalização das drogas em Portugal e acha que é exemplar:

"A polícia pega o usuário e ele é convidado a participar de encontros. São 90 clínicas em Portugal, completas com toda a assistência, voluntários e visitas. E uma comissão fiscaliza isso. Todos se juntaram para combater essa doença, porque o vício é uma enfermidade, e não um crime", explicou.

Se formos ver é semelhante à política "De braços abertos" que o prefeito Fernando Haddad implantou em São Paulo.

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