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quinta-feira, 19 de março de 2015

Cid Gomes caiu por falar a verdade sobre os 300 picaretas


Cid e os 300 picaretas
A ida de Cid Gomes (Pros) à Câmara dos Deputados lhe custou o cargo de ministro da Educação e, segundo aliados, agravou a crise existente entre Congresso Nacional e Executivo. Ao explicar a declaração de que "na Câmara tem 300, 400 deputados achacadores", Cid chegou a pedir "perdão" e disse que não tinha a intenção de agredir ninguém, "muito menos a instituição", contudo disse sentir muito se alguém se enxergava nessa condição e "vestisse a carapuça". O ex-ministro disse que a fala foi uma opinião pessoal e não como ministro. Em seu discurso, Cid disse que deputados que fazem parte do governo deveriam ter posição de coerência ou que "então larguem o osso, saiam do governo". "Aqui não temos base cega, temos base de apoio convicta", rebateu.

Neste momento, o clima esquentou. Líderes de diversos partidos usaram a tribuna para rechaçar Cid. Alguns, inclusive, relembraram algumas polêmicas envolvendo o ex-ministro quando era governador do Ceará. 

Cid, porém, deixou a tribuna ao ser chamada de "palhaço" pelo deputado Sérgio Sveiter (PSD -RJ) e seguiu para o Planalto para entregar pessoalmente à presidente Dilma Rousseff (PT) sua carta de demissão. Assim, o ex-governador deixa o ministério após três meses no cargo.


Ao sair do Planalto, Cid Gomes justificou sua saída do Governo. Segundo ele, sua declaração acusando parte da Câmara de "achacadores" criou dificuldades junto à base aliada. "Minha declaração ficou em posição de indisposição com grande parte da base. Minha declaração criou dificuldades para a base do governo", ratificou o ministro, que acredita que a presidente conseguirá superar a crise de imagem pela qual passa. A reunião de Cid com a presidente durou menos de cinco minutos. O ex-ministro informou que não deu espaço para que a presidente insistisse em sua permanência. "Disse a ela que era em caráter irrevogável", pontuou.

"Tenho e sempre tive, e terei sempre profundo respeito pelo Legislativo e parlamento. Isso não quer dizer que concorde com a postura de alguns, de muitos que, mesmo que estejam no governo, têm uma postura de oportunismo", disse, assegurando ainda: "Senhoras e senhores deputados, me perdoem, eu não tenho o menor problema em pedir perdão para os que não trabalham dessa forma, eu não tinha a intenção de agredir. "

O ex-ministro disse ainda que os parlamentares da base do governo que não votam de acordo com a orientação do Planalto devem "largar o osso" e ir para a oposição. "Partidos de oposição têm o dever de fazer oposição. Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo", afirmou.


Mal-educado

Ao justificar sua ausência na primeira convocação, no dia 10, que foi vista com estranheza pelos deputados, Cid criticou a comissão de parlamentares que foi "in loco" averiguar sua saúde e pediu para que os gastos em que a comissão de deslocou fossem investigados e, em seguida, dirigiu-se  ao presidente da Casa, Eduardo Cunha. Apontando ao presidente, o ex-ministro reverberou: "Fui acusado por ele de mal-educado, pois bem, prefiro ser acusado de mal-educado, do que ser acusado como ele de achaque, como diz a capa da Folha de S. Paulo". A fala gerou mais polêmica na Casa.

Ao encerrar-se a primeira fala de Cid, o presidente pediu para que os políticos que não fossem deputados federais se retirassem do plenário. Lá, estavam lideranças políticas do estado do Ceará e amigos de Cid Gomes, como o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Zezinho Albuquerque (Pros), o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (Pros), e alguns deputados estaduais como o ex-líder de Cid na Assembleia Legislativa, o deputado Sergio Aguiar (Pros).

Lideranças

Após Cid, os líderes dos partidos usaram a tribuna, e grande parte deles usaram o tempo para criticar o ministro. O primeiro foi líder do PMDB, Eduardo Picciane, que pediu que Cid aponte o nome dos 300 achacadores e ponderou que, apesar de Cid ter uma extensa vida política, esqueceu as regras de uma vida democrática e desrespeitou o parlamento, e defendeu que o comportamento de Cid deveria ser o mesmo tanto em público quando em lugar reservado. "Infelizmente, nós fazemos, hoje, essa sessão para dizer à sociedade brasileira que essa Casa se dá o respeito, e que ninguém vai desacatar o parlamento brasileiro", disse.

Já o deputado Mendonça Filho, líder do DEM e autor do requerimento de convocação de Cid, pediu a renúncia do então ministro. "Diante deste fato, lamentável, que vai entrar no parlamento do mundo, só há duas posições: Ou ele pede demissão, ou a presidente Dilma o demite, ou os 400 deputados assumem que são achacadores. Sendo assim, ele continua no cargo [...] Ou fica a base ou fica o ministro?", disse.

O líder do Solidariedade, deputado Artur Maia, ponderou que durante seus 25 anos de vida pública , aquele era o  momento mais constrangedor. "Eu vim aqui cumprir o meu papel de líder, e me dirigir a Vossa Excelência, para que dissesse se entre os nomes a que o senhor se refere, o meu nome está incluído? A sua fala me contemplou, haja vista que afirmou que os 300 ou 400 achacadores não estão no campo da oposição, mas da base governista." Artur Maia ressaltou que  o governo federal vive uma "overdose" de crise institucional sem precedentes e que não era necessário que Cid tivesse ido a Casa para fazer o pronunciamento.


Em defesa

O líder do Pros, deputado cearense Domingos Neto, foi o primeiro entre os deputados a defender o ex-governador do Ceará e afirmou que Cid está sendo vítima da oposição, que tenta colocar nas costas da Dilma o que foi falado no plenário. "Me guardo a pensar quais seriam os interesses envolvidos em mais uma vaga na Esplanada dos Ministérios", criticou. Para o deputado André Moura, líder do PSC, Cid já tinha perdido a condição de ser ministro e falou, na tribuna, polêmicas do governo de Cid no Ceará. "Achacadores somos nós?" questionou o parlamentar citando, em seguidas, as polêmicas do governo Cid.


Estratégia

Para o  líder do PSDB, Nilson Leitão, a estratégia de Cid de atacar deputados mesmo que aliados era uma boa manobra para quem não estava bem politicamente. "Vossa Excelência  representa o sentimento da presidente Dilma. O senhor é personificação pronta e acabada da presidente Dilma", disse.

Outros deputados criticaram a fala do ex-ministro como o líder do Psol, Chico Alencar; Pompeo de Mattos (PD); Cabo Sabino (PR); Júlio Lopes (PP)  e Claudio Cajado (DEM).  Cid Gomes ainda tentou se explicar, ressaltando que tinha um profundo respeito pela Parlamento. "Numa sala reservada, emiti uma opinião que não foi elaborada, sem sofismas, sem discurso bonito. Estou aqui com toda a humildade em respeito a essa Casa, ao parlamento brasileiro. Não tenho problema nenhum com quem tenha se julgado agredido injustamente", finalizou.

Ivo Gomes diz que Dilma Rousseff se rendeu ao PMDB

Irmão do ex-ministro Cid Gomes (Pros), Ivo Gomes usou a rede social Facebook para comentar a demissão de Cid do Ministério da Educação, após explicar uma polêmica afirmação de que haveria no Congresso "300, 400 achacadores", na Câmara dos Deputados, ontem. Em sua página, o secretario estadual de Cidades, Ivo Gomes, disse que a presidente Dilma teria se rendido ao PMDB. "Pronto, galera do impeachment. Não precisa mais pedi-lo. Dilma prostra-se. Quem manda no Brasil é o PMDB. A corrupção venceu a verdade.#cidmerepresenta", publicou.

Na semana passada, Ivo já havia disparado criticas aos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB). No Facebook, ele chamou os parlamentares de "picaretas contumazes". E aproveitou para pedir as renúncias dos parlamentares  que tiveram seus nomes incluídos na lista de investigados por suspeitas de participação nos esquemas revelados pela Operação Lava Jato.

2 Comentários:

venancio fonseca disse...

Não vejo só 300 ou 400, mais talvez 500. Tiro ai um ou outro dos 513, que se importa com os intereces do país. Mais que, se quer são ouvidos.

Maria Diana disse...

O fato de têr " saído " do governo logo após TER FALADO ALTO, O QUE os HIPÓCRITAS PENSAM BAIXO, é mais UMA PROVA DA VERACIDADE DO SEU DISCURSO!!!👍👍👍
Eu pessoalmente, ASSINO EM BAIXO E POR INTEIRO, CADA PALAVRA DO MINISTRO CID GOMES!!!!
PARABÉNS, MINISTRO!!!!������������

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