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terça-feira, 30 de setembro de 2014

ONG de Marina é financiada por dono da Natura e herdeira do Itaú:R$ 7 milhões



Espaço de fomento do projeto que culminou na candidatura de Marina Silva à Presidência, o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) recebeu R$ 7 milhões em doações de pessoas físicas e jurídicas desde 2010. Os principais doadores para a ONG foram dois associados, o dono da Natura, Guilherme Leal, e a educadora e herdeira do banco Itaú, Maria Alice Setubal, a Neca, de acordo com informações da ex-secretária-executiva da entidade, Alexandra Reschke.

Ao Globo, Leal confirmou ter doado R$ 3,4 milhões à organização por meio do Instituto Arapyaú, criada por ele para canalizar sua atuação como empreendedor social. Neca também afirmou ter doado ao IDS, como pessoa física, mas preferiu não informar o valor. No entanto, segundo Reschke, os dois doaram "valores mais ou menos semelhantes" à entidade, e sempre foram considerados os principais provedores da iniciativa, do ponto de vista financeiro.

Doações de pessoas físicas à entidade somaram R$ 3,3 milhões no mesmo período. Segundo o atual presidente do IDS, João Paulo Capobianco, outros associados também fizeram doações, mas os valores não foram informados. Em 2013, uma fundação internacional doou R$ 201 mil à entidade. O nome não foi divulgado em função de cláusula de confidencialidade.

O IDS foi fundado por Marina e um grupo de colaboradores em São Paulo, em 2009, mas teve as atividades iniciadas em 2010, ano em que ela concorreu à Presidência pela primeira vez. Após a derrota, o esforço de Marina para aprofundar o debate sobre gestão e sustentabilidade passou a ser canalizado no instituto, apesar da desvinculação com partidos. Dos 37 associados do IDS, 35 colaboraram com o atual programa de governo de Marina, segundo o PSB.

Entre as duas eleições, a entidade promoveu encontros com aproximadamente 120 especialistas e representantes de diferentes setores em torno da agenda atualmente defendida por Marina. Estudos também foram elaborados. De acordo com Reschke, que esteve na entidade entre 2011 e 2013, a partir do fim de 2012 o foco mudou:

— Quando Marina decidiu criar um partido, houve alinhamento claro do IDS com o projeto e o plano de criar uma plataforma de governo — afirma.

Os encontros promovidos pela entidade permitiram a aproximação com setores antes do período eleitoral, como ruralistas representados pelo ex-ministro Roberto Rodrigues. Ele foi o convidado de uma das conversas, assim como Marcos Jank, diretor para assuntos públicos da Brasil Foods, que ajudaria, neste ano, na elaboração do plano de governo.

Entre os associados do IDS estão fiéis colaboradores de Marina durante o período no Ministério do Meio Ambiente, como Bazileu Margarido, Pedro Ivo Batista e Tasso Azevedo. Estão também na lista executivos de confiança como Álvaro de Souza, ex-presidente do Citibank; Ricardo Young, do Instituto Ethos, e Oded Grajew, idealizador do Fórum Social Mundial, além de ambientalistas e indigenistas.

CONVERGÊNCIA DE IDEIAS

No entanto, para a ex-secretária-executiva, Alexandra Reschke, participantes de outros grupos políticos que estiveram nas rodas de conversa se sentiam parte da “possibilidade de construir uma nova forma de governar”.A entidade sempre acreditou na política que pode ser feita com firmeza e competência — afirma.

Guilherme Leal admitiu que “ideias debatidas e consensuadas ali são convergentes com o ideário da Marina”, mas alegou não ver relação entre os projetos “em termos práticos”.

Atualmente integrante do Conselho Diretor do IDS, Neca Setubal já ocupou o cargo de presidente da organização. Além do IDS, ela doou para outra entidade ligada à candidata, o Instituto Marina Silva, sediado em Brasília. Em 2013, foram pelo menos R$ 1 milhão, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”. A educadora informou que contribuiu com 15 organizações da sociedade. Para ela, “não existe relação entre o IDS e o projeto político de Marina”.


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