Pages

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Siderurgia privatizada pede socorro porque não consegue competir com estatais estrangeiras.

Aécio e Gerdau: o candidato dos 1% mais ricos contra os 99% do resto do povo.
Tá explicado o apoio de empresário do aço Jorge Gerdau ao Aécio Neves (PSDB-MG). O tucano é o candidato dos 1% mais ricos contra os 99% do resto do povo brasileiro. Logo, advinha para quem Aécio soltaria dinheiro, se chegasse ao governo?

Mesmo com o crescimento do consumo de aço no Brasil, seja na construção civil, seja na infraestrutura, seja na fabricação de carros e eletrodomésticos, o setor siderúrgico brasileiro está "pedindo o penico" porque não consegue competir com estatais de outros países como a China, Índia e até do Irã.

Diz que se o governo não aplicar o protecionismo, vão acabar quebrando, porque o mesmo minério de ferro que sai do Brasil e vira aço do outro lado do mundo, ainda assim, volta mais barato do que o aço produzido aqui.

Deixa eu ver se entendi. Na época da privataria diziam que a iniciativa privada era mais eficiente do que estatais, e que iriam produzir mais barato para o consumidor. Agora pedem para conter a importação de aço estatal importado, para ter o "direito de vender mais caro" a mim e a você, quando reformamos nossa casa, quando compramos uma geladeira ou um carro.

De fato é preciso tomar cuidado com "dumping", ou seja, alguns países vendem produtos abaixo do preço durante alguns anos para quebrar a concorrência, e depois sobem o preço novamente recuperando o que perderam e ganhando muito mais nos anos seguintes. Mas no caso do aço não parece ser dumping e sim abundância mundial do produto. Há excesso de produção no mundo, o que derruba o preço, como ocorre com produtos agrícolas quando há excesso de safra. Neste caso, a própria indústria do aço precisa baixar os preços, reduzir os lucros ou mesmo absorver os prejuízos durante algum tempo para sobreviver.

O que não dá é ver empresários como Gerdau, um barão do aço, pedir política neoliberal para o INSS, para a saúde, para a educação, para a cidadania, para a ciência e tecnologia, e pedir subsídio estatal para a empresa dele.

O que não dá é o Sr. Gerdau defender a ALCA no palanque do Aécio, e bater na porta do Planalto para proteger só o seu setor da concorrência estrangeira.

O que é inaceitável é o Sr. Gerdau vir falar que o Estado precisa ser mínimo e haver alto desemprego para não haver inflação, e ele inflacionar o aço que vende, impedindo a queda de preço da geladeira, fogão, máquina de lavar, carros, ferragens para obra.

É compreensível que o governo defenda a indústria nacional do aço quando ocorre alguma concorrência predatória, mas não à custa de prejudicar todas as outras indústrias nacionais que consomem aço.

Eis a notícia da Agência Brasil que fala sobre o assunto:

Siderurgia pede soluções emergenciais para aumentar competitividade

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro

A siderurgia brasileira está perdendo competitividade sistêmica, de acordo com dados divulgados hoje (28) pelo Instituto Aço Brasil (IABr), no Rio de Janeiro. A indústria da transformação como um todo vem perdendo participação no Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.  A participação caiu de 35,9%, na década de 1980, para 13% no ano passado. Para ratificar esse cenário, o saldo da indústria da transformação na balança comercial caiu de um superávit de US$ 120 bilhões, entre 2002 e 2007, para um déficit de US$ 130 bilhões, entre 2008 e 2013. Com isso, o total da perda da indústria da transformação alcança US$ 250 bilhões, equivalentes a R$ 557 bilhões.

No setor siderúrgico, a perda de competitividade dificulta as exportações e amplia as importações. Em 2013, o total importado pelo setor do aço brasileiro atingiu quase 9,3 milhões de toneladas, revelando dificuldades decorrentes do elevado custo do dinheiro, da energia elétrica e do gás natural, além da infraestrutura deficitária e da desigualdade cambial, disse o presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes.

No primeiro trimestre deste ano, as importações de produtos siderúrgicos somaram 877 mil toneladas, com alta de 3,9% em comparação ao mesmo período de 2013. Enquanto as compras do exterior subiam, as exportações brasileiras de aço, de janeiro a março deste ano - em torno de 2 milhões de toneladas - caíram 19,1% em volume. Em dinheiro, asw vendas renderam US$ 1,5 bilhão, com retração de 6,9% em relação a igual trimestre do ano passado. “Foi um desempenho morno”, classificou Lopes.

A produção brasileira de aço alcançou 8,3 milhões de toneladas no trimestre, mostrando elevação de 1,5% sobre o mesmo período de 2013. Segundo Lopes, o Brasil está trabalhando com 73% da capacidade instalada, “quando deveria estar acima de 80%”. Mas avaliou que falta competitividade para reduzir as importações e elevar a capacidade de produção.

A previsão de crescimento de 5,2% da produção para o setor, em 2014, feita no início do ano, tendo por base uma expansão de 2,2% do PIB, terá de ser revista, devido à redução da perspectiva de crescimento do PIB para algo entre 1,5% e 1,7%, disse o presidente do IABr. Acrescentou, contudo, que deverão ser feitos ajustes para baixo, tendo em vista que este é um ano de eleições, haverá a Copa do Mundo e há um quadro geral de insegurança.

“Eu diria que é um cenário difícil, aonde nós  precisaríamos estar tomando decisões que não estão sendo tomadas”. Na sua avaliação, o remédio, no momento, seria uma proteção emergencial por um prazo determinado, para que a indústria possa respirar, retornando, ao fim do período estipulado, para a correção das assimetrias existentes.

Visando ampliar a competitividade do aço nacional, o IABr montou a Coalizão Pró-Competitividade junto com 20 instituições representativas de vários segmentos econômicos, cuja coordenação, no primeiro momento, está a cargo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Os integrantes da coalizão já tiveram reuniões com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, e têm como próximo passo um encontro com a presidenta Dilma Rousseff,  “em um horizonte curto”, acentuou Lopes.

“A coalizão entende que a solução é ir à Presidência da República para discutir soluções emergenciais”, destacou. Esclareceu que,  se for mantido o ritmo dos últimos cinco anos, as importações de produtos siderúrgicos representarão 58% no consumo final, no Brasil, em 2022, o que “inviabilizaria a indústria nacional”.

Ele explicou que os países que responderam por 88% da produção mundial do aço, em 2012, aplicam medidas de defesa comercial. “Todo mundo quer acessar mercados e defender seus interesses. O Brasil não pode ser ingênuo e estar com a casa aberta para a entrada desses materiais”, assegurou Lopes. De acordo com os números apresentados, a participação das importações chinesas aumentou 36,4 pontos percentuais, em 13 anos. Já a produção anual de aço do Brasil equivale a 18 dias de produção na China.

Mello Lopes defende que toda a indústria da transformação seja protegida da concorrência predatória. Ele disse que os Estados Unidos fecharam por anos o seu mercado interno, com salvaguardas e outros mecanismos de proteção, para que sua indústria pudesse ser recomposta. “Da mesma maneira, se não quisermos perder a indústria da transformação, acho que, neste momento, a prioridade absoluta é a proteção”. Já o crescimento sustentável está dentro de um contexto mais amplo, que conjuga investimento privado e público, mais poupança, salientou.

O presidente do IABr enfatizou que "a indústria de máquinas e equipamentos, por exemplo, está desaparecendo neste país, e precisa de um apoio emergencial”. O setor constitui  um dos principais  consumidores de produtos siderúrgicos no Brasil, com participação de 19,7%, depois dos setores da construção civil (37,7%) e do setor automotivo (22,1%).

0 Comentários:

Postar um comentário


Meus queridos e minhas queridas leitoras

Não publicamos comentários anônimos

Obrigada pela colaboração