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domingo, 2 de outubro de 2011

A loira burra da Revista Época



A colunista Ruth Aquino, em artigo da Revista Época (PIG/RJ), tornou-se a piada pronta da "loira burra" (*) em pessoa, ao entender errado a "piada".

A piada (de mau gosto), no caso, é o anúncio de lingerie retratando Giselle Bundchen como uma espécie de... Loira burra!

E a loira burra da Revista Época, achou o anúncio "divertido", leve, maroto! (nas palavras dela).

 A loira burra da Revista Época não entendeu que a propaganda é machista quando chama indiretamente as mulheres de "barbeiras" no trânsito, ao colocar Giselle como culpada de pegar o carro do "seu homem" e batê-lo.

A loira burra da Revista Época não entendeu que a propaganda é machista quando retrata a mulher como se seu papel fosse só de consumidora voraz, estourando o cartão de crédito do "seu homem".

A loira burra da Revista Época não entendeu que a propaganda é machista quando faz apologia da figura da mulher submissa sexualmente, que não seduz por desejo próprio, natural, e sim por necessidade de "acalmar seu homem".

A loira burra da Revista Época não entendeu que, por mais que a propaganda tente recorrer ao humor, a piada é machista, de mau gosto para a imagem da mulher bem resolvida do século XXI.

A loura burra da Revista Época entendeu errado, que seria o fato de Giselle aparecer de lingerie é que faria o anúncio retratar a mulher como objeto sexual. Ela até contra-argumenta que homens "sarados" também aparecem sem camisa ou semi-nus em novelas, e nem por isso alguém protesta.

Ora, a crítica não é ao uso da sensualidade, nem é quanto a aparecer de lingerie. Toda propaganda de lingerie mostra mulheres de lingerie, muitas bem mais ousadas, sem qualquer protesto. E esta da Giselle é até "careta", bem-comportada no tamanho das peças e sem cenas provocantes.

As críticas são dirigidas ao roteiro do comercial, ao vincular o uso da sensualidade e sedução ao medo, à submissão, ao estereótipo da mulher inepta para dirigir um carro e as finanças, só servindo para deleite sexual do "macho".

O êxtase da burrice na coluna dela é a "teoria inversa". Eis o que ela escreveu:
"Que tal uma teoria inversa? O anúncio na verdade mostraria o homem como objeto de manipulação das mulheres e não o contrário. O homem é um tolo que cai de quatro para o poder da sedução feminina. Em vez de macho fulo de raiva com o cartão de crédito estourado, o carro batido e a vinda da sogra, o marido invisível se submete, dócil, ao charme de sua mulher."

A "teoria inversa" seria boa, se retratasse Giselle usando o poder da sedução feminina para comemorar uma vitória dela, como ter ganho um prêmio, assinado um contrato profissional de sucesso ou de compra da casa própria para o casal pagar; passar em um concurso difícil; valeria até contar que ganhou na loteria, ou ousar colocando-a pedindo o homem em casamento, mas nunca retratar a mulher numa situação de medo para não sofrer consequências.

Que tal aprofundarmos a "teoria inversa" da loira burra da Revista Época?

Se a mulher não exercer seu "poder da sedução feminina" quais seriam as consequências para ela diante do "macho fulo de raiva" (nas palavras da loira burra da revista Época)? Justificaria a violência doméstica? Só restaria recorrer à lei Maria da Penha? E, ainda por cima, a culpa seria da mulher porque não fez o "certo" da propaganda, que diz ser contar más notícias vestida de lingerie?

E no trabalho? Como a mulher se livra de uma situação de grosseria ou assédio moral, diante de algo que deu errado? Exigindo respeito ou "usando seu charme"?

Pois é... pela mesma "teoria inversa", esses exemplos são alguns dos efeitos colaterais ao espalhar esse tipo de idéia na propaganda "marota". Dissemina os piores instintos na cultura da sociedade.

Outro argumento da colunista digno de "loira burra" é dizer:
"o governo recebeu 15 – quinze! – queixas de telespectadores indignados com a publicidade. Uma multidão. Por isso, a ministra Iriny Lopes foi à luta contra a lingerie incorreta.
A loira burra da Revista Época não entendeu duas coisas básicas:

1) basta olhar na internet as reações ao anúncio, para constatar que não são apenas "15 telespectadores indignados" que acham a propaganda ruim.

2) bastaria uma única queixa racional e bem fundamentada, para a Secretaria de Políticas das Mulheres entender que fazia sentido reclamar ao CONAR (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária), órgão que sequer é estatal, é do próprio mercado publicitário. E que o CONAR existe para isso: quem não gosta, reclama. Todo mundo tem o direito de reclamar, inclusive um órgão de governo representativo da sociedade.

Poderia me estender mais nas críticas sobre o artigo da colunista, mas deixa pra lá... Será que adianta explicar mais? Será que a loira burra da Revista Época entenderia?

Em tempo: (*) Loura burra, aqui, só se refere à colunista da Revista Época, nada tendo a ver com as demais louras inteligentes, inclusive a própria Giselle Bundchen que, na vida real, mostra-se bem mais inteligente e vitoriosa do que a personagem roteirizada na propaganda (provavelmente feita por um publicitário homem e machista).

6 Comentários:

Luis R disse...

Essa moça, Gisele e tudo o que ela vende, é absolutamente inútil assim como a revista Época.

Giovani de Morais e Silva disse...

Não sou nada fã da Ruth Aquino. Já tive uma troca de e-mails pouco amistosa com ela. Mas desta vez, não discordo dela. O politicamente correto está muito chato. Ninguém pode falar nada sem estar se policiando. Se eu fosse radical, poderia até questionar o "Loura Burra" que o blogueiro ressalva no final como uma exceção direcionada para a Ruth. Ora, o comercial também pode ser visto desta forma. Apenas a personagem da Gisele faz aquele tipo de apelo. Faltou boa vontade do blogueiro para este tipo de análise.
Do jeito que estamos indo, vamos transformar nosso divertido país, de piadas de português e papagaio, em um país sisudo por falta de boa vontade em separar o intencional, doloso, do non sense, engraçado! O brasileiro vai perdendo a flexibilidade... e sem molejo nos quadris, adeus samba!

Maria Amélia Martins Branco disse...

É loira por que é burra, ou é burra por que é loira?

mariazinha disse...

Perfeito, ZÉ! Há muito que já havia identificado essa loira burra, não só nessa questão.

Alício disse...

Não é por ser loira não, é que ela é burra mesmo independente da cor do cabelo. Vai ser burra assim lá na......

Zé Augusto disse...

Giovani,

Está escrito no 2º parágrafo o que você diz que eu deveria escrever:

"A piada (de mau gosto), no caso, é o anúncio de lingerie retratando Giselle Bundchen como uma espécie de... Loira burra!"

Ou seja, a personagem da Giselle no comercial é de um Loira Burra. Agora a pessoa dela não é burra, porque ela fez um trabalho profissional de atriz, fez o que os publicitários mandaram ela representar, e deve ter ganho muito bem para isso.

Quanto à piada, eu não tenho nada contra o humor, mas era só fazer uma piada de bom gosto. Para dar um exemplo: se fizesse a mesma propaganda quase igual, mas colocasse ela falando: fui promovida a chefe, vamos ter que mudar para a cidade tal... não ficava numa situação ruim para as mulheres.

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