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domingo, 25 de janeiro de 2009

Máfia italiana ajudou a criar o PCC:Camorra, irmã do PCC



Os irmãos Torsi ficaram presos em São Paulo na década de 1990, onde conheceram Mizael A. da Silva a quem repassaram o modelo da base de organização mafiosa e acompanharam a fundação do Primeiro Comando da Capital (São Paulo)

O Primeiro Comando da Capital (PCC) aprendeu a se estruturar como sindicato do crime e empresa com integrantes da Camorra, uma das máfias da Itália. As aulas foram ministradas pelos irmãos Bruno e Renato Torsi. Os dois camorristas ficaram presos quatro anos em São Paulo na década de 90. Em 1993, não só assistiram ao nascimento do PCC na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, no Vale do Paraíba, como ajudaram a organizar a maior facção criminosa paulista.

A revelação foi feita por parentes de presos do PCC. Bruno, de 49 anos, e Renato, de 50, nasceram em Secondigliano, no norte de Nápoles, também a terra natal da Camorra. A máfia napolitana é retratada no livro Gomorra, do jornalista italiano Roberto Saviano (leia mais na página 4A). Renato foi extraditado para a Itália em outubro de 1994 e o irmão caçula, em janeiro de 1995. Da Penitenciária de Rebibbia, em Roma, os irmãos enviaram cartas e cartões-postais ao principal fundador do PCC.

Mizael Aparecido da Silva, o Miza, um dos oito fundadores da facção criminosa, era o melhor amigo dos irmãos Torsi na prisão. Os laços de amizade se fortaleceram na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, o berço do PCC. Mesmo após a extradição, os camorristas não se esqueceram de Miza. Eles o chamavam de irmão, mesma forma de tratamento usada entre os integrantes do PCC.

O jornal da Tarde obteve dois cartões postais enviados pelos Torsi para Mizael. Ambos são de Nápoles. Um deles tem a seguinte mensagem: “Aqui é onde nascemos. Eu e o Bruno. Para o meu amigo e irmão Mizael. Abraço com saudades, Renato”. O outro cartão diz: “Mizael, é um grande prazer receber as suas notícias. Dê-me sempre suas notícias e o que precisar aqui na Itália e estiver ao meu alcance é só falar, ok meu grande Brother. Um abraço. Seus amigos Bruno e Renato”.

Os cartões foram escritos na Penitenciária de Rebibbia, em Roma, e não têm data. Num deles, os irmãos Torsi mencionam o endereço do presídio na capital italiana. Bruno e Renato foram condenados a 28 anos pelo sequestro de um empresário italiano, em 1986. Eles receberam US$ 2,5 milhões de resgate. O irmão mais velho, Francesco Torsi, também participou da ação, mas, segundo a polícia italiana, foi cercado e se matou para não ser preso.

Um representante do governo italiano no Brasil afirmou ao JT que, assim como aqui, onde os presos aproveitam a saída temporária para abandonar a prisão, os Torsi também se utilizaram de igual benefício judicial. Fugiram para Caracas, Venezuela, e depois para São Paulo. Em 18 de maio de 1990, Bruno e Renato foram presos por policiais federais num apart-hotel na Rua Bela Cintra, nos, Jardins, área nobre da zona sul da capital.

Os Torsi estavam com passaportes e documentos falsificados. A mesma autoridade italiana, que pediu para não ter o nome divulgado, disse acreditar que Renato e Bruno repassaram ao PCC o modelo da base de organização da Camorra. Ensinaram os integrantes da facção paulista a se associar, pagando uma taxa mensal. “O dinheiro do crime vai para um fundo, ajuda a família em caso de prisão dos sócios e também para assistência jurídica, o pagamento de advogados.”

Ainda de acordo com a autoridade italiana, os irmãos camorristas orientaram os integrantes do PCC a fortalecer a facção paulista como empresa. “A Camorra tem seguro-desemprego, seguro-saúde e seguro-legal. Corrompe juízes, guardas de presídios e policiais. Isso também é feito pelo PCC. O lucro é investido no fortalecimento das organizações.”

A autoridade italiana disse que o PCC já age nos mesmo moldes da Camorra. “Aprendeu graças ao contato com os camorristas na prisão brasileira. Assim como a Camorra napolitana, o PCC hoje investe em várias atividades, lava o dinheiro com o lucro obtido, principalmente com o tráfico de drogas. Logo, logo não vai dar para saber qual investimento é lícito ou ilícito”, advertiu. Estadão

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