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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

SE A FIESP É SÓCIA FIQUE FORA. É SEDE SUNTUOSA

O JORNAL NACIONAL de terça-feira, dia 26 de fevereiro, mostrou parte da agenda do presidente da República no Rio de Janeiro. William Bonner, um dos mais avançados protótipos de robô mentiroso, mostrou as imagens de Lula inaugurando um pronto-socorro e destacou a presença de um deputado estadual, Natalino Guimarães, ao lado do presidente.

A notícia não foi o presidente. Foi Natalino, que segundo o JORNAL NACIONAL, responde a processo por denúncias de corrupção, relembrando reportagem do FANTÁSTICO sobre o assunto. Não disse que Natalino pertence ao partido DEMocrata, que é oposição ao governo federal e no caso, é ligado ao prefeito do Rio César Maia. Estava ali no afã de aparecer, só isso. A agenda positiva. Foi escondida.


No curso do dia o presidente cumpriu extensa agenda no Rio.


Visitou o canteiro de obras da siderúrgica ThyssenKrupp CSA, investimento de 8 bilhões. Inaugurou a nova fábrica da Michelin para máquinas de mineração e terraplanagem, investimento de 200 milhões de dólares e participou da solenidade de premiação dos três mil vencedores da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Participaram dessa olimpíada 17, 3 milhões de estudantes brasileiros, alunos inscritos e 38,5 mil escolas, com participação de 98% dos municípios do País.

A agenda positiva. Foi escondida.

O risco de enfrentar esse tipo de problema foi escolhido pelo próprio Lula ao aceitar as regras de um jogo viciado desde o momento que o baralho foi posto sobre a mesa.


O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é um dos instrumentos do governo Lula para gerar índices positivos de desenvolvimento, mas sempre dentro do modelo. Apesar disso incomoda a oposição. Ao gerar empregos permite que um maior número de pessoas se integre ao que os economistas chamem de mercado formal e aumentem a “massa salarial”, gerando mais consumo (explicação de um técnico).

Democracia no Brasil não é bem um substantivo, pelo menos em sua essência. Não há poder popular. O controle do Estado permanece em mãos do latifúndio, das grandes empresas, dos bancos e o que Lula faz é apenas e tão somente abrir uns orifícios nesse muro que separa exploradores de explorados.



Não deixa de ter significado, à medida que abre alguma perspectiva de aumentar e arrebentar esses orifícios, transformando-os numa avalancha de conquistas populares, como a reforma agrária, a reforma urbana, um novo modelo político, econômico e social que reflita não a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), símbolo das oligarquias brasileiras urbanas e sócia das oligarquias rurais, sobretudo num mundo em que a tecnologia, controlada pelos senhores do mundo, é o principal chicote dessa gente.

Todo esse conjunto de fatos coloca a esquerda, qualquer que seja o seu matiz, mas esquerda, num dilema complicado. Defender uma institucionalidade que é podre, representada pelo governo Lula e ao mesmo tempo buscar mudar essas regras, o modelo.

Permanece o desafio da formação e da organização. Está para ser vencido o maior de todos os poderes dos donos, o da Comunicação (o exemplo do JORNAL NACIONAL citado acima é perfeito sobre as intenções reais desses senhores) e os avanços a conta gotas no governo Lula encerram outro desafio para as forças populares. O do tenebroso mundo eleitoral. De chicanas, de malas e pastas sujas e repletas de dinheiro.

É um mero instrumento da luta popular. Neste momento poderoso, pois a volta do tucanato DEMocrata vai significar a volta dos tempos FHC.

FIESP poderia, tranquilamente, ser entendida e compreendida como sinônimo de força escravagista, sem pátria e sem escrúpulos. Tanto oferece yuppies como banguelas, dependendo da situação.A pretender o PAC os moradores de uma favela do Rio mostram apenas que querem ar para poder respirar. Eles jogam com isso, eles sabem disso. E querem cortar esse ar.

O uso de cartões corporativos no governo José Serra, em franca campanha presidencial foi muito maior e mais desgovernado que no governo Lula. Ao contrário de Lula que colocou os dados à disposição dos brasileiros, os tucanos escondem e negam o que já é público. A mídia esconde, lógico.O que eles querem é a chave do cofre e arrematar a venda do Brasil, transformando-a na maior e mais produtiva fazenda do latifúndio neoliberal.

O acordo celebrado como o governo da França para transferência de tecnologia na construção dos submarinos nucleares brasileiros teve o aval de Washington. Poderíamos ter desenvolvido esses mesmo submarinos com tecnologia brasileira, mas todo um cerco se fecha, como no caso do reaparelhamento da Força Aérea Brasileira. A França hoje, como a Espanha, é braço do capitalismo internacional dirigido a partir de Wall Street. Não falo na Inglaterra, pois a ilha foi anexada, é “estado” dos EUA.

É um dilema para as forças populares. Olhar Lula e seus movimentos de pêndulo, ora lá, ora cá e vencer o desafio da organização popular na busca de outro modelo.

Laerte Braga

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