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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A volta do morto vivo

Fernando Henrique Cardoso saiu da tumba para provocar sustos e asco nas pessoas de bem.O ex-presidente disse ontem, em São Paulo, que as "brechas entre ricos e pobres não devem ser aumentadas na política. A frase foi uma resposta depois do Presidente Lula dizer que "ninguém sabe colocar mais gente na rua" do que ele e que os ricos ganharam muito dinheiro em seu governo e, por isso, os pobres é que deveriam estar zangados. FHC discursou para uma platéia de empresários, intelectuais e estudantes, no lançamento da revista americana "America Quartely", da qual é membro do Conselho Editorial. Antes da palestra, FHC conversou com os jornalistas.Fez críticas ao Presidente Lula, Falou muita besteira. disse muita bobagem,nada a estranhar, bem típico do Fernandinho.Então,já que o Fernando Henrique saiu da tumba, vamos recordar como foi FHC na Presidência...

Essa está aqui na Folha de São Paulo:O fraco desempenho de 1995 - 31.dez.95 (1º Ano FHC)

O governo FHC completa seu primeiro ano de mandato com a credibilidade arranhada e muito pouco para mostrar para a população. O caso Sivam e a pasta rosa lançaram pesadas suspeitas sobre os mandatários da República, que estranhamente estão se omitindo em esclarecê-las. Mas um balanço abrangente destes 12 meses aponta para fatos ainda mais graves que as escutas telefônicas e o tiroteio entre os aliados do Planalto.

Em 1995 o governo gastou mal o dinheiro do contribuinte e ainda desequilibrou as finanças do Estado no ano de maior arrecadação de toda a história do Brasil. Como foi que conseguiu tal proeza? Pagando mais de R$ 20 bilhões de juros do erário público para os felizes aplicadores nacionais e estrangeiros.

Devemos reconhecer que nossos gestores foram muito eficientes em fazer economia com a saúde, a educação, os investimentos em infra-estrutura e tudo o que diz respeito aos programas sociais, cuja soma de gastos ficou muito aquém do montante de juros pagos. Basta pegar uma estrada federal nestes feriados de fim de ano ou frequentar um hospital público para perceber isso.

E o Programa Comunidade Solidária fez muito barulho, mas gastou a modesta cifra de R$ 800 milhões, que dá justos R$ 25 ao ano ou R$ 2,08 ao mês para cada um dos 32 milhões de brasileiros abaixo da linha de miséria absoluta. Mal dá para comprar um pirulito para cada um. E apesar de tudo isso o governo federal vai fechar o ano com uma dívida pública superior a R$ 110 bilhões, mais do que o dobro do que a dívida em dezembro do ano passado.

Mas o governo FHC foi generoso com os banqueiros, que, além dos juros altos, ganharam mais R$ 13 bilhões para o socorro dos bancos em dificuldades. Só o Econômico e o Nacional levaram R$ 8 bilhões do BC, que dariam para assentar pelo menos 200 mil famílias sem-terra, em vez das ridículas 15 mil que o Incra assentou ao longo de todo o ano.

Além de todo esse dinheiro, as autoridades monetárias ainda criaram um programa especial de financiamento de fusões bancárias, o Proer, que está aberto para quem quiser tomar dinheiro emprestado a 2% de juros ao ano. Basta, naturalmente, ter um banco de grande porte e interessar-se por uma fusão com um banco em dificuldades. Para agradar a bancada ruralista o governo FHC criou uma linha especial de crédito de R$ 7 bilhões, com juros de pai para filho de 3% ao ano, mais a variação dos preços mínimos, que dificilmente chegará às mãos dos pequenos produtores.

Por que o governo FHC não ofereceu dinheiro a 2% de juros ao ano para financiar os milhares de consumidores com prestações em atraso, que pagam de 10% a 15% ao mês? Por que não ofereceu financiamento barato para pequenos e médios empresários pagarem as contas em atraso e investirem na produção? Por que não arranjou recursos para financiar a casa própria de milhares de brasileiros que vivem de aluguel, moram nas favelas ou debaixo das pontes? Não é difícil imaginar a resposta.

As altas taxas de juros, que se tornaram o principal sustentáculo do Plano Real, desestimulam a produção e estão levando a um ritmo de crescimento insuficiente para gerar a riqueza e os empregos necessários ao país. Por essa e outras razões, 1995 fechará com um nível de emprego inferior ao de dezembro de 1994. Só na Grande São Paulo mais de 1,1 milhão de trabalhadores começarão o ano de 96 procurando emprego.

Com a maioria parlamentar folgada no Congresso, o governo FHC poderia ter se empenhado em realizar as reformas constitucionais que consolidariam a estabilidade no país, aposentando a famigerada âncora cambial, que causa desemprego e prejudica vários segmentos da indústria. No entanto empurrou com a barriga tanto a reforma da Previdência quanto a reforma tributária, sempre no interesse maior de seus aliados.

Chegou ao cúmulo de baixar, ao invés de aumentar, o Imposto de Renda para os mais ricos, eliminando a alíquota de 35% sobre a pessoa física. Afinal, por que o governo FHC não se empenhou numa discussão aberta com os segmentos sociais realmente interessados nas reformas do país? Porque é prisioneiro de uma aliança conservadora, que o imobiliza e o impede de levar adiante as transformações necessárias para o avanço da sociedade brasileira. São seus próprios aliados que estão interessados em manter os privilégios seculares e deixar as coisas como estão.

Mas é na área externa que o governo FHC reuniu seus maiores feitos em 1995. Temos de reconhecer que nunca um governo se empenhou tanto em agradar a comunidade internacional e falar a língua deles. Afinal, foi o primeiro governo brasileiro em muitos anos a cumprir à risca todos os mandamentos do FMI. Para começar, quebrou os principais monopólios do Estado, criando grandes oportunidades de negócios nas privatizações. Depois, escancarou a economia brasileira às mercadorias estrangeiras, dando de lambuja uma bela taxa cambial sobrevalorizada e criando empregos, no exterior, é claro.

Permitiu o livre trânsito de capitais especulativos que aqui vieram colher as magníficas taxas de juros, inéditas em qualquer lugar do mundo. Agradou os credores internacionais não só pagando pontualmente parcelas da dívida externa, mas inclusive antecipando parcelas a vencer, como aconteceu em outubro. Por fim, encerrou o ano dando um belo presente de Natal a Clinton, ao Pentágono, à CIA e aos demais amigos da Raytheon, defendendo com unhas e dentes o nebuloso projeto Sivam. Se no próximo ano o governo FHC fizer pelo Brasil metade do que fez em 1995 pelos banqueiros e pela comunidade internacional, tenho certeza de que teremos um feliz 1996.

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