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quarta-feira, 31 de maio de 2006

Lembo diz desprezar ACM, um ‘típico senhor de engenho’


Lembo ataca ACM e o consumismo

governador de São Paulo, Cláudio Lembo, do PFL, criticou duramente o senador Antonio Carlos Magalhães (BA), também do PFL, durante uma sabatina promovida ontem pelo jornal "Folha de São Paulo". Questionado sobre a declaração do senador, de que ele teria cara de burro, Lembo retribuiu quase que na mesma moeda. Ele chamou ACM de "senhor de engenho" e disse que o senador retrata a elite branca, que trata os outros como se fossem lacaios.

Lembo relembrou a violação do painel do Senado, episódio registrado sob a presidência de ACM. Provocado por um dos participantes se não deveria dar um chega para lá no senador baiano, Lembo respondeu que não teme Antonio Carlos Magalhães, "que como burro vai em frente e bate" e disse se sentir apenas surpreso pelo senador.

Depois da entrevista, o governador declarou que não esperava tamanha grosseria de um senador da República e membro do mesmo partido. Consciente da aliança entre o PSDB e o PFL e da busca do presidenciável Geraldo Alckmin pelo apoio de Antonio Carlos Magalhães na Bahia, Lembro disse que em respeito a Alckmin não se recusará a subir no mesmo palanque com ACM.

O senador baiano divulgou nota para responder ao seu correligionário paulista: "O governador Cláudio Lembo é fruto do acaso e da pressão que o ilustre senador Marco Maciel exerceu no partido para alçá-lo, sem que mérito ele tivesse, à condição de vice-governador, o que resultou torná-lo responsável por administrar um governo como o do Estado de São Paulo sem qualquer experiência a não ser a subalterna em um grande banco paulista".

O governador paulista, em diversos momentos durante a sabatina, usou de ironia para responder às perguntas sobre a ação das polícias civil e militar em resposta aos ataques criminosos no Estado: "Vocês acham que a polícia deveria ir para a linha de frente com bandidos e perguntar se eles gostariam de tomar café?". Neste momento, parte da platéia riu e Lembo reagiu: "É fácil rir. No dia dos ataques vocês estavam em casa, enquanto a polícia enfrentava bandidos", disse.

Lembo voltou a dizer que não houve acordos com facções criminosas para cessar os ataques e afirmou ainda que a polícia vai desmontar a organização criminosa no Estado, mas não deu garantias do controle do governo do estado para evitar uma nova onda.Lembo detalhou as razões pelas quais cedeu um avião da Polícia Militar para que uma advogada fosse conversar com Marcos Camacho, o Marcola, líder do PCC. O governador disse que a advogada foi autorizada a encontrar-se com Marcola não para negociar o fim às rebeliões nos presídios, mas para conferir se ele havia sido torturado em sua passagem pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). "Eu, comandante das duas polícias, dei ordem para irem lá´´. O governador voltou a negar que os policiais de São Paulo tenham matado inocentes durante a crise do PCC. Considerou essa hipótese ofensiva à história da Polícia Militar.

Em sua pregação contra a elite branca, alvejou o consumismo. "O consumismo estragou o Brasil´´, definiu. Lembo sacou a explicação do consumismo ao comentar uma pergunta da platéia, que pedia ao governador que avaliasse a declaração do presidente Lula sobre o levante do PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a qual o grande antídoto contra a violência é a educação. Para ele, "é claro que a educação é necessária´´, mas o axioma de Lula não seria aplicável a São Paulo, onde "não tem nenhuma criança fora da escola´´, segundo o governador. "O grande problema é a falta de ética´´, defendeu.

Dilapidaram a ética, de acordo com Lembo, a "desunião das famílias´´, o declínio das religiões e o consumismo. "Faltou a possibilidade de educar para o consumismo´´, falou. "O consumismo brasileiro é desenfreado. Os produtos de luxo têm de ser mais tributados´´.

Falador, irônico, piadista, Lembo não economizou no figurino que adotou ao assumir o governo de São Paulo, em 31 de março último, com a decisão de Geraldo Alckmin (PSDB) de disputar a Presidência.

Ao ser questionado por que não se filiaria ao PSOL, partido de esquerda, rebateu com outra piada: "Eu ficaria mal com aquelas camisetas´´. Lembo disse que a sua "clareza´´, um atributo que os políticos costumam ter "muito pouco´´, é decorrência da idade. "Como estou velho, falo o que penso. O que posso fazer é ser nítido e claro.´´

O governador voltou a martelar a idéia de que uma das soluções para a crise social é "abrir a bolsa´´ da burguesia. "O que seria essa abertura de bolsa?", quis saber Mônica Bergamo. "Em primeiro lugar é ter consciência social. Nós brasileiros somos "insolidários´. Não temos sentido de solidariedade. É preciso abrir a bolsa para integrar todos os brasileiros.´´

Participar de movimentos sociais e doar 1% do Imposto de Renda devido a entidades que cuidam de crianças seriam formas de atuação solidária, na visão do governador.

Ao ser questionado pelo jornalista Clóvis Rossi sobre as razões do seu silêncio durante a ditadura militar, época em que Lembo integrava o partido da situação, a Arena, o governador subiu o tom de voz: "Se você conhecesse a mediocridade dos meus livros, não diria essas coisas. Fui o primeiro a pregar junto ao governo militar a anistia´´. Depois do discurso, Lembo respondeu à pergunta de Rossi: "Aos 71 anos, numa plataforma tão alta quanto a do governo de São Paulo, se eu continuasse calado seria um grande covarde´´.

Quando um entrevistador quis saber se seu discurso não era demagógico quando cotejado com sua carreira, ele saiu com outra frase de efeito: "Dentro da Arena fui sempre um rebelde sem causa´´.

Lembo voltou a ironizar a cúpula do PSDB, que estava em Nova York durante a crise do PCC: "Como toda ave, eles têm de andar pelo mundo. Tucano voa e às vezes voa fora de hora. O tucano tem essa natureza´´.


Helena

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